Desculpe, Geração Z! Mas apenas nós, millenials tardios sabemos o porquê a TV Cultura dos anos 90 era uma joia da televisão brasileira.
Quando pensamos em programas voltados ao público infantil é comum pensarmos em uma programação quase que exclusivamente gringa, como Vila Sésama, Barney e as infinitas animações americanas ou no máximo japonesa. Enquanto que em nosso imaginário, as produções nacionais ficam restringidas a atrações de segunda categoria. Não vamos nem mencionar Angélica assassinando a abertura de Digimon Adventure.
Porém no final dos anos 90 e início dos anos 2000, um emissora de televisão estatal sediada em São Paulo capital, provou que todo esse pensamento estava redondamente enganado. É claro que estamos falando da TV Cultura, nessa época o canal presentou a todas crianças com produções de qualidade e que não tratavam a audiência como idiota.
Portanto é seguro dizer que a TV Cultura dos anos 90 era uma joia da televisão brasileira.
TV Cultura
Produções como Rá-Tim-Bum, de 1990, Castelo Rá-Tim-Bum, de 1994, Cocoricó, de 1996 e um pouco depois Ilha Rá-Tim-Bum, de 2002, mostravam que as produções infanto juvenis não precisavam ser tão mal vistas.
Eram obras que não economizaram na caracterização dos mundos em que se passavam. Castelo Rá-Tim-Bum, por exemplo, custou cerca de US$ 1,2 milhão, segundo o jornal O Globo, isso mesmo um milhão de doletas. Já Ilha Rá-Tim-Bum custou cerca de R$ 10 milhões (de acordo com a Folha de São Paulo), isso contando produção, equipamentos e tudo mais.
Algo a parte que vale a pena ser mencionado e o zelo que a produção teve com cada detalhe. Cocoricó, por exemplo, é todo construído com fantoches, mas nem por isso é menos imersivo. A riqueza dos cenários, o cuidado para que cada fantoche transpareça a personalidade do personagem são incríveis. Vai dizer que quando você era menor e assistia, você não imaginava uma fazenda de verdade ali.
Roteiros bons
Outro fator que mostrou que os produtores não estavam para brincadeira era o roteiro. Aqui cabe um parenteses. É óbvio que essas produções eram voltadas ao público infanto juvenil (algumas para uma faixa etária mais baixa, outra para um público um pouco mais velho), então ludicidade e conceitos pedagógicos com fins educativos (escovar os dentes, lavar as mãos, boas maneira, etc.). Estavam muito presentes. Porém tudo isso é feito de forma um tanto natural.
O roteiro respeita as construções individuais dos personagens, as tramas são muito bem costuradas. Claro que alguns diálogos vendo hoje em dia podem até dar uma certa vergonha alheia, mas, de novo, lembrem do público alvo.
Todos esses detalhes, e mais alguns que não daria para citar aqui, fizeram com essas produções marcassem a vida de muitos de nós que fomos crianças nos anos noventa e dois mil.
Mas mais do que isso, essas produções vanguardistas geraram um movimento que resiste até hoje. Produções nacionais de qualidade voltadas ao público infantil, feitas com muita garra em detrimento da desvalorização e sucateamento da cultura e do audiovisual nacional. Fatores que talvez demonstrem um complexo de vira-latas nosso, ou um problema estrutural maior.
Contudo, isso é papo para outra hora. Queremos encerar esse post de maneira alto astral, prestando homenagem a produção e elenco dessas grandes obras.
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