Documentários mostram que Curitiba também tem periferia

Curitiba também tem periferia

Pra algumas pessoas pode parecer óbvio, mas é importante reforçar que Curitiba também tem periferia!

Eu nasci e cresci em Curitiba e não trocaria ela por nada, a não ser pela belas praias do Nordeste. Mas durante meus 26 anos vi coisas que acho horríveis, porém tudo é mascarado pela alcunha de Cidade Modelo, isto é, a capital do paraná seria um modelo para o mundo. O que bem no fundo, mas não tão fundo assim, é só um processo de higienização e gentrificação.

Ao longo da vida eu ouvi diversas vezes de diferentes pessoas que “Curitiba não tem favela”. Durante meus primeiros anos, mesmo vivendo num bairro periférico, eu acreditei. Afinal, nunca tinha saído da minha bolha.

Porém essa frase não se sustenta nem por um segundo quando comparado a realidade. Afinal, Curitiba, como todo grande centro urbano, enfrenta diversos problemas, entre eles a existência de favelas.

Mas aí sempre vinha o contra argumento desses negacionistas. “Ah, mas pelo menos não tem aquelas favelas iguais ao Rio de Janeiro e São Paulo!”

Esse argumento vem embalado na construção social imagética do que seria as favelas. E essa construção é moldada em grande medida pelas imagens divulgadas na imprensa, na televisão, nas novelas, no cinema. Enfim, tudo isso constrói o imaginário popular do que seria a favela.

Ok, talvez não seja exatamente igual São Paulo ou Rio de Janeiro. Mas, basta andar pela Avenida Juscelino Kubistchek para ver que Curitiba tem periferia e favela sim.

Documentários provam que Curitiba tem periferia

E dois documentários vem pra desmentir essa lenda urbana de que Curitiba não tem periferia. São eles “Pixo na Cidade Sorriso” e “Trilha Sonora de um Bairro”, ambos produções da Na Real Cultural.

O primeiro aborda o tema da pixação e o segundo o rap. Mas uma coisa os une, a prova de que existe periferia e essa periferia transborda cultura. Essa cultura nem sempre, na verdade quase nunca, se adequa aos padrões elitizados que parece imperar em Curitiba e por isso se choca com a ideia que é vendida de que a cidade é uma réplica da Europa no Brasil. Ou seja, se choca com os valores tradicionais reacionários da capital paranaense.

E justamente por isso essa cultura é perseguida, combatida e criminalizada. Mas mesmo assim ainda resiste e se prolifera.

Enfim, não sei se me fiz entender. Mas, eu fiquei pensando nisso desde que participei do pré-lançamento desses filmes na Cinemateca de Curitiba no dia 17 de julho. Espero que você tenham entendido e aberto a mente para a cultura das periferias de Curitiba.

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