Mais uma resenha crítica literária especial chegando! Então continue lendo, pois vamos falar de A Máquina do Tempo – H G Wells.
Herbert George Wells, mais conhecido como H G Wells, começou sua carreira como escritor publicando livros didáticos de biologia, sua área de formação. Mas sem dúvida foi na ficção que ele mais brilhou.
Já em seu primeiro romance, A Máquina do Tempo, o autor mostra porque viria a ser considerado um gênio e um dos fundadores da ficção científica. Publicado pela primeira vez em 1895, julga-se ser a primeira obra de ficção científica a propor o conceito da viagem no tempo.
Trama
A trama trata da história de um Viajante do Tempo que narra a história do século XIX, onde constrói uma máquina do tempo e viaja para o ano 802.701 d.C. Nesse futuro ele encontra o próximo passo da evolução humano, os Eloi, habitantes da superfície, e os Morlock, moradores do subterrâneo. Quando sua máquina do tempo desaparece, o Viajante é obrigado a se envolver em uma série de aventuras para recuperá-la e voltar ao presente.
Falando da história, a trama e o ritmo são muito bons. A narração coloca você dentro da ação, como se você estivesse lá ouvindo o viajante do tempo contar suas desventuras num futuro distante.
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Ficção Científica
Como já mencionado, é a primeira obra de ficção a tratar de viagem no tempo. Apesar de o próprio Wells já ter tratado do conceito em “The Chronic Argonauts“, conto escrito pelo autor em 1888.
A obra abre o caminha para as especulações cientificas que se tornariam tão populares na ficção nas décadas seguintes. O Viajante trata o tempo como a quarta dimensão, afirmando que assim como nos movemos mais ou menos livremente nas três dimensões espaciais (altura, largura, comprimento), podemos nos mover no tempo. É um debate muito avançado para a época.
Ciência e Filosofia
Mas A Máquina do Tempo trata também de outros temas, como a Teoria da Evolução de Darwin, amplamente defendida pelo autor. Afinal os Eloi e os Morlock são duas ramificações evolutivas do homo sapiens. Além disso, como bom socialista, inspirado pela dialética de Marx, o autor faz críticas pontuais e sutis ao capitalismo nascente de sua época e a desigualdade de classes, ilustrada pela diferença entre as duas raças futuristas.
Essa obra ainda rende muito pano pra manga e até trabalhos acadêmicos, por que não. Pois poderíamos falar sobre as discussões filosóficas sobre a sociedade perfeita, que serviram de inspiração para a criação dos Eloi. Indo desde A República de Platão até a Utopia de Thomas Moore. Ou ainda sobre as concepções de ser humano presentes no romance.
O livro foi adaptado diversas vezes para o cinema, sendo as adaptações mais famosas a de 1960 do diretor George Pal e a de 2002 do diretor Simon Wells, com Guy Pearce e Jeremy Irons no elenco. Contudo nenhuma das duas chegar aos pés do livro, na humilde opinião desse escritor de internet que vos escreve.
Adaptações
A obra ainda viria a inspirar o cineasta Fritz Lang a criar o filme Metropolis, um clássico do expressionismo alemão. Longa que Wells não curtiu muito, não. O escritor disse que era “impossível ver o filme como uma antecipação futurista séria“. Polêmico.
Portanto, fica aqui a minha indicação dessa obra que pode servir tanto como uma leitura de entretenimento como uma reflexão acerca da natureza humana e dos efeitos da evolução tecnológica.
Eu adquiri recentemente o livro num box muito bonito da Editora Pandorga, por 35 reais. Vale muito a pena.
Valdirzera é definitivamente um dos autores do InduTalks. Fez filosofia, mas se formou em Publicidade e Propaganda. Adora quadrinhos, livros, série, filmes e todo tipo de nerdice. É apaixonado por produção audiovisual e sonha em um dia dirigir um longa metragem.