1984 ao contrário | Quem é o Grande Irmão do século XXI?

1984, George Orwell

Se no livro de Orwell há o grande irmão a vigiar todos. Então, quem é o Grande Irmão do século XXI, esse 1984 ao contrário?

Em 1945 Georgel Orwell escreveu a Revolução dos Bichos, que muitos interpretam como uma crítica ao centralismo democrático da União Soviética, principalmente no período em que o país era comandado por Stálin. Então veio 1984, em 1949. Praticamente uma propaganda liberal contra regime soviético.

1984

A história da ficção se passa em, surpresa, 1984. Onde um governo totalitário governa com mãos de ferro e vigia seus cidadãos 24 horas por dia, através de aparelhos similares a televisões instalados nas casas das pessoas.

Isso é interpretado ao longo das décadas como uma crítica ao regime stalinista, que supostamente controlava os cidadãos soviéticos com mãos de ferro.

A propaganda anticomunista por parte do autor inglês é bem conhecida. Existem autores que inclusive apontam um envolvimento de Orwell com agentes da CIA, agência que teria financiado seus livros em alguma medida.

Isto é, o livro foi apropriado por liberais e neoliberais para atacar não só a União Soviética, mas toda a forma de sistema que se oponha ao modo de produção capitalista.

Mas agora, mais de 50 anos após a publicação original do livro, nós podemos fazer uma crítica mais atualizada. E uma das perguntas que fica é, quem é o Grande Irmão do século XXI?

Isso porque de acordo com a interpretação mais famosa do romance distópico, o Grande Irmão seria uma referência ao grande e temível Partido Comunista, que a todos vigiava e buscava controlar as mentes das pessoas.

Capitalismo

Porém, no mundo ocidental do século XXI quem a todos vigia não é um grande partido político centralizador. Na verdade, é outra figura. E se você já leu esse artigo do nosso site, você possivelmente já sabe de quem se trata.

Na nossa sociedade quem a todos vigia, buscando conhecer cada passo, cada pensamento, antecipar cada decisão e influenciar cada escolha, são as megacorporações. Ou seja, ninguém menos que o mercado, aqueles que os liberais adoram dizer que se autorregula e que salvará a todos nós do caos.

As empresas de comunicação, tal como as redes sociais, já sabem o que você faz todos os dias, onde você vai, com quem esteve, sobre o que falaram. Lembre-se que o seu celular está ouvindo tudo o que você fala, a todo instante.

Basta você ver a polêmica mais recente envolvendo o Facebook de Mark Zuckerberg, que mudou os termos do Whatsapp. Muitos ficaram de cabelo em pé, mas a prática da rede social não é nova. Desde sempre eles coletam seus dados. E nunca explicaram muito bem o que fazem com eles.

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E antes de você achar que eu estou bolando aqui uma teoria da conspiração, eu gostaria que você refletisse sobre o que isso implica na sua vida.

Você já se pegou conversando com alguém sobre algum produto ou serviço e imediatamente após isso foi impactado por um anúncio sobre alguma marca que oferece esse mesmo produto ou serviço? Pois é, bem-vindo ao capitalismo neoliberal do século XXI.

E o principal país defensor dessa ideologia você já sabe quem é. Isso mesmo, os Estados Unidos da América. Eles adoram falar sobre a liberdade e chamar governos mais à esquerda de ditaduras.

Mas diante do que eu te expus, eu gostaria que você pensasse o quanto você é realmente livre nesse sistema.

Isso porque a empresa que possuir mais capital e estiver disposta a pagar a maior quantia para as empresas que possuem seus dados vão te influenciar. Então até que ponto sua escolha é realmente livre.

Em suma, talvez a crítica de 1984 tenha saído pela culatra.