Então você acha que é só a Marvel tem Universo Compartilhado nos cinemas? Achou errado otário! Muito antes de Kevin Feige sonhar em criar uma série de filmes e séries conectados, ou do produtor sequer existir, o conceito de interligar produções já existia. Portanto, continue lendo e descubra a Ordem Cronológica do Universo de Monstros da Universal.
De fato esse é um conceito que já existe na literatura e nos quadrinhos desde sempre, com personagens compartilhando histórias e momentos marcantes. Contudo o primeiro estúdio a popularizar esse conceito de universo compartilhado foi a Universal Pictures. O estúdio começou seu universo também com adaptações, mas não de quadrinhos como a Marvel, e sim de obras clássicas da literatura internacional.
Seu universo interligava franquias de filmes de terror baseados em personagens populares do terror e horror. A Universal começou com essa ideia lá nos anos 20, mas foi somente na década seguinte que a franquia de filmes deslanchou. O que ficou conhecido como Universo de Monstros da Universal, ou Universal Monsters.
Se você quer saber a ordem cronológica para assistir esses filmes, presta atenção que a gente vai te explicar. Por isso preparamos esse mega compilado.
PRÉ-UNIVERSO
Antes do Universo de Monstros existir propriamente o estúdio produziu dois filmes que ajudaram a definir os rumos. Porém ambos não são considerados canônicos.
O CORCUNDA DE NOTRE DAME (1923)
Com direção de Wallace Worsley e uma atuação magistral de Lon Chaney como o protagonista Quasimodo, o longa faturou 3,5 milhões de dólares nas bilheterias. Sucesso que agradou o estúdio e ajudou a pavimentar o caminho dos monstros nos cinemas.
O FANTASMA DA ÓPERA (1925)
Outra grande atuação de Lon Chaney, provando que era um ator realmente versátil. O filme foi um sucesso e posteriormente alcançou o status de cult. Estava pavimentada a via para o sucesso do Universo de Monstros.
“FASE 01” – OS DOURADOS ANOS 30
Aqui começa o Universo Compartilhado propriamente dito. Então, confira a Ordem Cronológica do Universo de Monstros da Universal.
DRÁCULA (1931)
Começando nossa lista da Ordem Cronológica do Universo de Monstros da Universal, com o primeiro filme. Isto é, com Drácula de 1931.
Com direção de Tod Browning e direção de fotografia de Karl Freund (que trabalhou com Fritz Lang em Metropolis, na mesma função) o filme se baseia na obra de Bram Stoker e traz o ator húngaro Bela Lugosi no papel de Drácula.
Essa é considerada por muitos como a versão definitiva de Drácula e ajudou a popularizar não só muitos elementos do personagem e da mitologia de vampiros, como do cinema de terror como um todo. Apesar de trazer uma trama rasa, meio arrastada e com um final apresado (padrão das produções da época).
FRANKENSTEIN (1931)
Quem é o monstro e quem é a vítimas? Essa parece ser a principal questão levantada por essa obra, adaptada da obra de Mary Shelley, embora talvez muito mais uma adaptação da peça de Peggy Webling. A direção fica por conta de James Whale, que com seu toque magistral transforma esse filme num verdadeiro clássico do terror.
Outro ponto alto é a caracterização, que moldou a criatura de Frankenstein como a imaginamos desde sempre. Por dois motivos. O primeiro é o trabalho brilhante do maquiador Jack Pierce, que suas próteses cria a versão definitiva da criatura. A segunda razão é a performance magistral de Boris Karloff, que atua de maneira brilhante, embora carregado de maquiagem e proteses e sem nenhuma fala, a não ser gemidos e grunhidos.
A MÚMIA (1932)
Universal gostou tanto do trabalho de Karl Freund que ofereceu a cadeira de diretor para ele no terceiro filme de monstros do universo. Tudo bem que há dois dias antes do início das filmagens, mas tá valendo. E sua dobradinha com o Boris Karloff dá super certo.
O roteiro é bem simples mesmo, uma expedição do Museu de Londres acaba trazendo Imothep, príncipe que havia sido mumificado ainda vivo de volta a vida. Dez anos depois a Múmia quer trazer sua amada de volta a vida. O roteiro foca apenas no progresso de sua história, que envolve, mas possui falhas.
Outro fator de destaque é novamente a rachadinha Jack Pierce e Boris Karloff, que repetem a parceria. Com menos grana a maquiagem deve ser criativa e é, poupando esforços onde é desnecessária, para entregar uma múmia visualmente incrível e um antagonista ameaçador.
O HOMEM INVISÍVEL (1933)
Outro filme dirigido por James Whale, dessa vez baseado na obra de H G Well, autor que já mencionamos aqui. O Homem Invisível mistura elementos de terror, comédia e ficção científica.
O filme aponta para esses conceitos mencionados, mas apenas de maneira superficial, incorrendo numa simplificação da história de Wells e numa trama apressada e formulaica, exigência do estúdio.
Mas apesar do roteiro falho e simplista a obra se sai bem ao criar um clima ao mesmo tempo tenso e hilário com efeitos especiais – que até hoje são bem impressionantes. Portanto a obra envelheceu esteticamente bem, o que não pode ser dito do seu roteiro.
A NOIVA DE FRANKENSTEIN (1935)
A primeira de muitas continuações. Dirgido por James Whale, que retorna ao mundo da criatura, agora para conceber uma companheira para o monstro vivido por Boris Karloff. Esse filme é uma continuação direta de Frankenstein (1931), se passando momentos após o primeiro.
Tudo que deu certo no primeiro longa é repetido e melhorado – até porque havia mais dinheiro envolvido – o clima soturno, as ambientação críveis embora passem o ar de sobrenatural e as atuações. Com destaque novamente para Karloff, como o monstro de Frankenstein, e Elsa Lanchester vivendo a personagem título do filme, de maneira brilhante embora receba pouco tempo de tela.
O LOBISOMEM DE LONDRES – OU HOMEM LOBO (1936)
A primeira baixa do Universo. Não que o filme seja ruim, mas não se compara a seus antecessores. Esse é o primeiro filme a tratar especificamente sobre lobisomens como tema principal da história, apesar de não ser o primeiro a falar sobre as criaturas.
Nenhuma atuação é muito extraordinária, nem possui uma caracterização excelente. A história é bem rasa também e arrastada em alguns momentos, mas vale a pena por retratar de maneira mais ou menos fidedigna a Inglaterra vitoriana, mesmo o filme tendo sido gravado todo em estúdio na Califórnia.
No mais é isso, vale a pena ver porque é cânone e tem um ou outro efeito legal, e soluções criativas para lidar com a censura. Porém não espere muito.
A FILHA DE DRÁCULA (1936)
Outra continuação, elas se tornarão mais frequentes daqui pra frente. O filme não conta com a maestria de Tod Browning na direção, que foi substituído por Lambert Hillyer (diretor de Westerns), tampouco com a atuação hipnotizante de Bela Lugosi, mas o se sai bem.
O filme começa exatamente onde Drácula (1931) parou, com Van Helsing matando o conde. Então no decorrer da trama somos apresentados a Condessa Marya Zaleska, a filha do vampirão.
Duas atuações são destaque. Gloria Holden no papel da protagonista, que consegue ser ameaçadora e sexy ao mesmo tempo, exatamente como se imagina uma vampira. E Marguerite Churchill, que se diverte como Janet. Ambas sendo personagens femininas muito fortes, que saem do esteriótipo de mocinha indefesa, embora a última seja raptada no final e ambas vivem o clichê da disputa feminina por causa de homem.
Mesmo sem Bela Lugosi e sem o diretor original, como muitos reclamam, “A Filha do Drácula” é um ótimo suspense de horror gótico que cumpre bem o seu papel.
O FILHO DE FRANKENSTEIN (1939)
Sem contar com Whale na direção, agora a cargo de Rowland V. Lee, o filme pena para estabelecer um ritmo, ora acelerado ora arrastado. Porém as caracterizações e cenários típicos da franquia estão lá e são bem utilizados na maior parte do filme.
O elenco é o pesado com Bela Lugosi (Drácula) vive Ygor, antigo assistente do Dr. Frankenstein, Basil Rathbone (Sherlock Holmes) como filho do cientista e Boris Karloff novamente na pele da criatura. O roteiro é em certo ponto raso e um pouco enrolado, com a característica da resolução muito fácil, bem explorada na fórmula do universo, sendo utilizada novamente.
O filme é um episódio despretensioso e bacana no universo, mas não supera seus predecessores.
Esse é o fim da “Fase 01” e também o fim desse artigo, afinal ele já ficou muito maior que o previsto. Portanto aguardem a segunda parte da Ordem Cronológica do Universo de Monstros da Universal, porque ela vem aí.