Mais uma Resenha Crítica chegando fresquinha pra você. Dessa vez, a resenha é sobre Patrulha do Destino: Primeira Temporada.
Patrulha do Destino, Doom Patrol no original, é a segunda produção original do DC Universe, a plataforma de streaming da Warner focada em propriedades da DC.
Resenha Crítica – Patrulha do Destino: Primeira Temporada
E mais uma vez eles acertaram a mão na hora de adaptar os quadrinhos da editora para as telinhas. Alinhando fidelidade ao material original com a ousadia de tentar coisas novas. Portanto, o resultado foi um material inovador que agrada tanto aos fãs mais antigos quanto às novas audiência.
Então, continue lendo e confira nossa Resenha Crítica da Primeira Temporada de Patrulha do Destino.
Uma família disfuncional.
Patrulha do Destino bebe muito da fase Grant Morrison, pois a série constrói personagens extremamente problemáticos que desconstroem todo esse lance super-heroico do bem contra o mal, e até mesmo os próprios papéis de herói e vilão são bem questionados.
Do ponto de vista da história o roteiro é bastante centrado nos personagens, isto é, a série apresenta um mais complexo que o outro. A equipe principal, que dá título ao show, está mais para uma família disfuncional do que para um equipe de super heróis.
Cada um com seus próprios demônios tentando ajudar um ao outro a sobreviver mais um dia. Inclusive, os poderes são manifestações físicas dessa disfuncionalidade. Quase como se fossem uma extensão da monstruosidade interna.
Crazy Jane, com sua múltiplas personalidade, – cada uma com um poder – Rita Farr, a Mulher Elástica, Cliff, o Homem Robô, literalmente um cérebro numa lata (Hilary Putnam vai a loucura), Larry Trainor, um ex-piloto americano que sofreu um acidente e agora divide o próprio corpo com uma criatura feita de energia conhecida como Espírito Negativo. Todos eles são extremamente complexos e muito bem trabalhados ao longo da primeira temporada, mas ninguém é esquecido ou deixado de lado. Todos tem seus momentos, mesmo o Chefe e o vilão Sr. Ninguém, que aparecem menos. E tudo isso gera uma história complexa que consegue debater temas filosóficos, psicológicos e morais de uma maneira divertida e surpreendente
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Roteiro exemplar.
Patrulha do Destino não é a clássica série de herói e se orgulha disso. Ou seja, esse fato dá aos criadores e roteiristas uma liberdade para fugir do lugar comum.
O roteiro não é nenhum pouco convencional e abusa dos plot twist e saídas inusitada para resolver os problemas que propõe. Portanto espere muita bizarrice, coisas como Ruas Não-Binárias Sencientes, ou uma barata antropomorfizada com tendências messiânicas, são coisas corriqueiras. Contudo, não é bizarro pelo bizarro.
Tudo em Doom Patrol tem um propósito, seja para desenvolver um determinado personagem ou personagens, seja para avançar a história. Fatores que andam juntos.
O ritmo também é um acerto, cada episódio contém exatamente a quantidade de informação necessária, nem mais nem menos. Tudo a seu tempo, para construir uma narrativa sólida e envolvente.
E, devido ao fato character driven, o roteiro pode debater conceitos interessantes, como a homofobia e a aceitação, depressão, distúrbio de personalidade e até conceitos filosóficos e morais. Todos muito bem embasados em teorias e na própria obra de Grant Morisson.
Ela se prova uma atração para maiores de sua própria maneira, sem nunca apelar para sexo ou violência gratuita e sem contexto.
Fatores Técnicos
A fotografia dessa série é sem igual. Mas muito diferente dos tons escuros e sombrios utilizados em Titans (outra série do serviço), a série consegue estabelecer o próprio tom, tanto na narrativa quanto na identidade visual.
Os efeitos também são coerentes. Não podem ser comparados a superproduções ou blockbusters, claro, mas dentro do orçamento disponível estão de bom tamanho.
Além disso, outro fator a ser levado em conta são as atuações, todas muito boas e fiéis aos personagens. Destaque para Diane Guerrero que vive Crazy Jane e consegue dar vida a cada um de suas personalidades, bem como para Brendan Fraser, que dá voz ao Homem Robô e transmite toda a carga emocional do personagem apenas com a voz. Sem falar no maravilhoso Alan Tudyk, o carismático Sr. Ninguém. O ator captou exatamente a essência do vilão dos quadrinhos, uma figura insana que mistura o vilanismo clássico com toques de humor e nonsense.
Enfim, apesar de alguns pequenos deslizes de atuação e CGI, a série se sustenta pelo roteiro e pelas tramas individuais dos personagens. Sem contar que subverte demais a narrativa clássica de super equipe que estamos acostumados, trazendo vários elementos psicológicos e muito nonsense, que no final faz sentido no contexto dos episódios.
Portanto é uma obra obrigatória para todo apreciador de quadrinhos ou de um entretenimento de qualidade. Que venham mais temporadas.