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Quadrinhos: Grandes começos, pequenos finais

Eu gosto muito de história em quadrinhos e é justamente por isso que esse é o tema desse post. Quadrinhos: Grandes começos, pequenos finais.

Com o polêmico final de Game of Thrones, uma dúvida pairou sobre minha cabeça. Por que a última temporada foi tão divisiva? E a resposta estava mais perto do que eu imaginava.

Quadrinhos

Estou falando da minha coleção de quadrinhos guardada por todo lugar em meu quarto – sério, não tenho mais onde enfiar as histórias. Mas vamos com calma nessa digressão.

Comecei minha coleção em meados de 2011, quando a DC lançou o reboot editorial chamado Os Novos 52. Vi nessa decisão da editora uma ótima oportunidade para começar a colecionar, afinal eram edições novas começando do zero. Perfeito para um entusiasta como eu, que acompanhava de longe mais não sabia ao certo como começar.

É claro que o reboot não durou muito e logo a DC voltou atrás e o reboot não era mais reboot, algumas coisas do passado valiam, outras não, até que tudo culminou em Renascimento e a editora juntou as linhas cronológicas novamente. Confusso, eu sei, mas assim são os quadrinhos.

Mas o que isso tudo tem a ver com Game of Thrones? Eu explico.

Quadrinhos: Grandes começos, pequenos finais.

Se você acompanha a nona arte há algum tempo consegue notar alguns conceitos recorrentes, como a ascensão dos anti-heróis nos anos 80, a estética questionável dos anos 90, e as megas sagas presentes até hoje. E é justamente nesse último ponto que está o segredo para entender a decepção de muitos fãs.

Quem acompanha as duas grandes editoras de quadrinhos, a saber Marvel e DC, nas duas últimas décadas sabe do que eu estou falando. Existe uma onda de sagas gigantescas que duram meses e as vezes anos, que reúnem diversos títulos em um crossover megalomaníaco. Isso não é um problema, se bem feito, é claro. O problema está no desfecho dessas distas sagas.

Tomemos a Casa das Ideias como exemplo. De acordo com esse link a editora já, de 1985 até 2018, nada menos do que 49 grandes sagas, é mais de uma por ano. Algumas com escala maior outras menores, mas todas envolvem vários títulos e duram mais de um mês.

Contudo, não é uma atitude isolada ma Marvel, a Distinta Concorrência também abusa dos grandes eventos nos quadrinhos. Crises nas Infinitas Terras que o diga. E não é um evento isolado, se pegarmos apenas as edições principais da DC, veremos várias maxi sagas nos últimos anos. A Corte das Corujas, Convergência, Ponto de Ignição, Vilania Eterna, A Noite Mais Densa, O Dia Mais Claro, isso só pra citar as que eu lembro de cabeça.

Qual o problema?

Certo, mas qual o problema com isso? Além do fato de ser cansativo e repetitivo, para mim o grande problema está na finalização dessas sagas. Tudo começa muito bem (na maioria das vezes), a proposta é boa, o problema a ser superado está claro, as dificuldades vão escalando no decorrer da história, e a tensão é aumentada de maneira a prender o leitor a cada página. Porém na hora de encerar os roteiros sempre deixam a desejar. Seja por uma falta de encerramento, deixando muitas pontas soltas e perguntas sem respostas, seja por ganchos forçados para a próxima saga.

Eu vejo isso claramente nas histórias recentes do Batman. Desde os Novos 52, com Scott Snyder, até o atual Rebirth, onde quem escreve as histórias do morcegão é James Tynion IV. As histórias começam instigantes, mas vão ganhando proporções tão grandes que qualquer final parece mediano, visto toda a megalomania do enredo. Veja, não estou dizendo que os finais são ruins, no entanto a história é tão grande que é difícil um final “caber” nela. Ainda mais nos quadrinhos onde nenhum final é definitivo.

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Quadrinhos e Game of Thrones

De certa forma é essa sensação que muita gente teve ao assistir o episódio final de Game of Thrones. Por mais de oito anos a série nos desafiou, subverteu nossas expectativas, criou um mundo tão grande que se tornou verossímil para o espectador, Westeros poderia ter existido de verdade, dada a complexidade da história. Entretanto nos últimos anos o roteiro vem utilizando saídas fáceis e pouco desafiadoras, esquecendo ou ignorando arcos completos e criando mais dúvidas do que respostas.

Tudo isso fez com o que o final ficasse deslocado e se tornasse medíocre em relação ao contexto geral da série, dada a magnitude da história. Daí o estranhamento da audiência.

Lógico, essas são suposições da minha cabeça baseadas na minha experiência, pra mim faz sentido. Mas pode ser que não tenha nada a ver e o povo só esteja reclamando porque é chato mesmo, tem sido bem comum ultimamente na internet.

Contudo, é uma suposição válida. Afinal, hoje em dia é isso, Quadrinhos: Grandes começos, pequenos finais.

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