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Principais filmes de faroeste para entender o gênero e suas mudanças

O faroeste é um gênero característico de Hollywood e muito prolífero. Contudo, o gênero não se manteve estanque e os filmes de faroeste mudaram muito com o passar do tempo. Portanto, confira nessa lista uma singela lista com os principais filmes de faroeste para entender o gênero e suas mudanças.

Mas, antes de iniciarmos, vale lembrar que se quiser uma panorama mais aprofundado, você pode conferir o “InduTalk #62 | Faroeste no cinema: como Hollywood transformou um genocídio num mito fundador?“, disponível também no Youtube e no Spotify.

Então, sem mais delongas vamos a lista com os principais filmes ambientados no velho oeste para você entender esse gênero secular da história do cinema. Além disso, você pode se divertir muito assistindo a todos.

Principais Filmes de Faroeste

Antes de começar vale a pena destacarmos dois pontos. O primeiro é que, conforme conversamos no episódio do InduTalk supracitado, esses filmes lançam um olhar ao passado. Porém, eles fazem isso a partir de um momento histórico específico, que contem disputas político ideológicas especificas e, como todas as produções humanas, não são isentas.

Ou seja, seja para corroborar os pontos de vistas da época em que foram realizados ou para questionar os preconceitos desse mesmo período, esses filmes assumem posições. Portanto, é preciso analisa-los com isso em mento, sem passar pano, mas entendendo que são fruto de sujeitos históricos em momentos históricos específicos.

O outro ponto é que a lista é baseada no trabalho que também embasou o episódio #62 do nosso podcast. Ou seja, a tese de doutorado do professor Rafael Borges do IFG. Com alguns acréscimos nossos.

Então chega de enrolação e vamos logo conhecer a lista com os principais filmes de faroeste de todos os tempos.

Cripple Creek Bar Room

Começando nossa lista de filmes de faroeste não com um filme, mas com uma cena. Pois podemos dizer que o primeiro western é uma cena de menos de um minuto produzida por Thomas Edison, ainda em 1898.

Ano de produção: 1899
Direção: James H. White
Sinopse: Uma vinheta de um bar/loja de bebidas no oeste, sem enredo em si. No entanto, esse curta é geralmente considerado o primeiro “Western” no sentido de retratar uma cena de faroeste. (IMDb)

O Grande Roubo do Trem (The Great Train Robbery)

Agora sim falamos do primeiro filme de faroeste propriamente dito. Esse filme é considerado o pioneiro do gênero, uma vez que, além da temática ele estabelece muitos dos conceitos chaves para os westerns. Tanto em temática, quanto em personagens, cenas e enquadramentos. A paisagem, os bandidos, o xerife, o trem, o crime, enfim, já está tudo lá. Além disso, esse filme conta com uma excelente cena de tiro, que foi inovadora para época. Ou seja, um verdadeiro clássico do cinema.

Ano de produção: 1903
Direção: Edwin S. Porter
Sinopse: Um grupo de cowboys fora da lei envia uma mensagem falsa que faz com que um trem pare. Assim, eles podem entrar no trem e assaltar os passageiros. Eles roubam o cofre do vagão dos correios e, depois de uma certa confusão, conseguem escapar. Só que o telegrafista do trem consegue enviar uma mensagem pedindo ajuda, o que leva à perseguição dos assaltantes. (Adoro Cinema)

Fighting Blood

Sim (infelizmente) temos de falar de D.W. Griffith, afinal, não temos contornar sua obra quando falamos na história do cinema. Se “O Nascimento de uma Nação” é seminal para a história do cinema, outro filme seu é importantíssimo para os filmes de velho oeste. Nesse filme, ele introduz o patriotismo que guiará boa parte das produções mais conservadores que virão em seguida, além disso, apresenta o inimigo mais comum dos filmes de faroeste, o indigena. (Filmow)

Ano de produção: 1911
Direção: D. W. Griffith
Sinopse: Após a Guerra Civil, um ex-soldado e sua família se estabelecem no território de Dakota. O filho briga com o pai e sai de casa. Cavalgando nas colinas, ele avista um bando de índios atacando uma propriedade vizinha e corre de volta para avisar sua família enquanto os índios o perseguem.

Past Redemption

Uma raridade perdida no tempo. É sério, eu desafio qualquer um a achar uma boa cópia desse clássico. Contudo, esse filme é indispensável na história dos filmes de faroeste. Pois, introduz muitos dos temas que vão perdurar por muito tempo no gênero. Entre eles a moral cristã conservadora e as representações bem marcadas dos papéis sociais.

Ano de produção: 1913
Direção: Burton L. King
Sinopse: Por meio dos esforços do reverendo John Drummond, todos os bares estão fechados. Jim Howe e sua filha Nell, mudam-se para as montanhas, onde ele administra um alambique ilícito e continua fornecendo uísque aos índios. O xerife segue seu rastro e ele logo é colocado sob custódia da lei. Nell, determinada a se vingar pela captura de seu pai, atira e atira em um grupo de índios hostis, escondendo-se em um arbusto enquanto o faz. Os índios, vendo os soldados chegando, e pensando que foram eles que dispararam o tiro, correm para eles, mas são derrotados. Tendo falhado este plano de vingança, ela dirige-se à casa do ministro, mas é impedida de lhe fazer mal pelo instinto maternal que surge nela ao ver o seu filho a rezar pela sua mãe no céu. (The Movie Database)

Sky High

Tom Mix é uma lenda dos filmes de faroeste, tendo estrelado em dezenas de filmes ao longo dos anos. De fato, o herói chegou a se tornar a personificação do caubói. Mas é sem dúvidas em “Sky High” que o ator se superar em cenas de tirar o folego, seja no lombo de um cavalo, seja saltando de uma avião em pleno ar.

Ano de produção: 1922
Direção: Lynn Reynolds
Sinopse: Um agente do governo se infiltra em uma gangue de contrabandistas de imigrantes chineses e persegue seu líder pelo coração do deserto do sudoeste. (IMDb)

O Cavalo de Ferro (The Iron Horse)

O Cavalo de Ferro” é uma boa prova de porque o velho oeste foi considerado por muito tempo como o mito fundador da nação estadunidense. Afinal, está tudo ali, a união do Norte com o Sul, que deixam suas diferenças de lado para “conquistar” o oeste; o empreendedorismo da burguesia nascente, que não aceitaria que nada impedisse o “progresso”; e é claro as estradas de ferro, representando o ápice da tecnologia e do domínio da natureza. Além disso, esse filme traz todos os estereótipos do gênero: os mocinhos, os vilões, a ambientação, absolutamente tudo muito marcado. E é claro, a famigerada brownface.

Ano de produção: 1924
Direção: John Wayne
Sinopse: Quando o presidente Lincoln autoriza a construção da estrada de ferro Transcontinental, a Union Pacific, construtor (Will Walling) e agrimensor (George O´Brien), começam a traçar o mapa para a melhor rota. Embora eles encontrem uma nova passagem, além da previamente esperada, a ambição dos homens que trabalham no projeto complica a construção. (Cinema Livre)

O Rei do Deserto (Tumbleweeds)

Falando em clássicos conservadores, “O Rei do Deserto” ou “Tumbleweeds” no original, é uma obrigatoriedade quando o assunto é filmes de faroeste. Isso porque ele se apropria da temática clássica com orgulho e apresenta o velho oeste com planos e sequências que marcarão a história do cinema. Além disso, é um clássico na carreira de William S. Hart, tanto que a história do ator/cowboy se confunde com a própria história do gênero.

Ano de produção: 1925
Direção: King Baggot
Sinopse: O governo concederá uma faixa de terreno para os colonos que quiserem viver e trabalhar ali. O sinal de largada será um tiro que iniciará a corrida pelos melhores campos e reivindicações. (IMDb)

No Velho Arizona (In Old Arizona)

“No Velho Arizona” trata de temas comuns e muito abordados nos filmes de faroeste como um todo. Aqui são abordados os papéis de gênero, bem como o papel da fronteira, tanto da divisa física entre a sociedade, quanto dos limites morais entre a lei e o crime. Além disso, esse filme traz uma novidade importante, a figura do mexicano enquanto o outro, a alteridade. Figura essa que será muito importante nos westerns daqui em diante.

Ano de produção: 1928
Direção: Irving Cummings
Sinopse: O Cisco Kid (Warner Baxter), o Robin Hood do Velho Oeste, é perseguido pelo Sargento Mickey Dunn do Exército norte-americano (Edmund Lowe). Ambos são apaixonados por Tonia Maria (Dorothy Burgess), a infiel namorada do fora-da-lei. Por fim, Tonia e o Sargento costuram um plano para prender o proscrito. Mas Cisco Kid tem um ás na manga. (Filmow)

A Grande Jornada (The Big Trail)

A Grande Jornada” é um filme importante na história do western, por uma simples razão John Wayne. Esse filme é um dos primeiros em que o ator teria destaque. Ele já havia feito alguns filmes menores, mas é aqui que ele se consolida como sinônimo de Faroeste.

Ano de produção: 1930
Direção: Raoul Walsh
Sinopse: Breck Coleman (John Wayne) lidera uma caravana de desbravadores enfrentando índios, tempestades, desertos, águas agitadas e muito mais. Além disso ele busca o assassino de um caçador e ainda arruma tempo para se apaixonar pela bela Ruth (Marguerite Churchill). (Adoro Cinema)

Cimarron

Cinmarron” é um clássico na história dos filmes do faroeste, contudo, diferente dos anteriores, esse filme segue uma linha mais “pé no chão”. Pois, tenta trazer uma representação mais próxima do oeste histórico, vide sua icônica cena de abertura. Mas isso não quer dizer que ele não bebe das ideologias do seu tempo para ler o passado. Afinal, o discurso moralista cristão é muito marcado, especialmente no que tange o trato com as personagens femininas. Fruto do seu tempo, lembra?

Ano de produção: 1931
Direção: Wesley Ruggles (não creditado)
Sinopse: Estados Unidos, final do século 19. O jovem e idealista Yancy Cravat (Richard Dix) se muda com sua esposa Sabra (Irene Dunne) e seus filhos do estado do Kansas para o Território de Oklahoma, que na época ainda pertencia aos indígenas. Ele trabalha como editor de um jornal, além de ser um advogado e o que mais precisar, se tornando rapidamente uma das pessoas mais influentes da região. Entretanto, Yancy continua sua busca por novos horizontes e deixa sua esposa para viver uma nova aventura na Cherokee Strip. Enquanto isso, Sabra terá de aprender a se virar sozinha. (Adoro Cinema)

Ao Rufar dos Tambores (Drums Along the Mohawk)

Ao Rufar dos Tambores” é outro que segue a linha mais “histórica”, por isso talvez não seja um western clássico. Mas é importante dentro da história dos filmes de faroeste. Afinal, todos os elementos do gênero estão presentes e são reforçados. Além disso, esse é o primeiro filme colorido do diretor John Ford, que é um verdadeiro patrimônio do gênero. Uma vez que, dirigiu os principais longas de velho oeste.

Ano de produção: 1939
Direção: John Ford
Sinopse: Em 1776, o fazendeiro Gilbert Martin se casa com a refinada Lana Borst de Albany e os dois viajam até o Vale Mohawk. Lana sente dificuldades em se adaptar ao lugar principalmente por temer os índios selvagens mas decide ficar. Ela está grávida quando a Revolução Americana começa e tem que fugir da fazenda com o marido, quando a mesma é atacada pelos índios liderados pelo Tory (homem branco que apoia a causa britânica) chamado Caldwell. (Cinema Livre)

No Tempo das Diligências (Stagecoach)

Diligências eram as carruagens usadas para transporte no Velho Oeste, pelo menos até o advento dos trens. Não a toa um dos filmes mais clássicos do gênero leva o nome desse meio de transporte. “No Tempo das Diligências” é sem dúvida um dos filmes de faroeste mais célebres de todos os tempos. Isso se deve a muitos fatos, os personagens que se tornaram arquétipos, as cenas características, e a construção na narrativa. Além é claro da combinação entre o ator John Wayne e o diretor John Ford.

Aliás é esse o filme que sedimenta a parceria entre os dois – dizem que os produtores não queriam o ator no papel principal, mas o diretor viu seu potencial e comprou essa briga – e sacramenta a figura de Wayne como sinônimo de Faroeste.

Ano de produção: 1939
Direção: John Ford
Sinopse: Um grupo de pessoas que viajam por uma diligência acham sua jornada complicada pela ameaça de Geronimo, mas conseguem aprender alguma coisa sobre cada uma delas no processo. (IMDb)

Consciências Mortas (The Ox-Bow Incident)

Após mais de duas décadas o gênero já estava estabelecido e as fórmulas começava a mostrar sinais de desgaste. É aí que entra “Consciências Mortas“, um dos primeiros filmes de faroeste a descontruir muita coisa. Esse longa aborda temas mais maduros e questiona conceitos que pareciam fixos. Ou seja, um filme indispensável da lista.

Ano de produção: 1943
Direção: William A. Wellman
Sinopse: Em 1885 os forasteiros Gil Carter (Henry Fonda) e Art Croft (Harry Morgan) chegam à uma pequena cidade no estado americano de Nevada e logo são recebidos com estranheza e desconfiança. Isso porque a cidadezinha está atrás de uns ladrões de gado, que vem roubando ranchos. Quando um fazendeiro local desaparece, todos o dão como morto e tratam de achar em quem botar a culpa. Os supostos ladrões são linchados e enforcados sem provas, e um dos únicos homens a ficar contra é o forasteiro Gil Carter, que no início aparentava ser apenas um “valentão” frequentador de bares empoeirados, mas que se mostra um homem em busca de justiça. (Adoro Cinema)

Paixão dos Fortes (My Darling Clementine)

O Velho Oeste é um recanto para inúmeros mitos e personagens lendários, entre eles o duelo de O.K. Coral, um tiroteio entre bandidos e homens da lei que supostamente teria durado trinta minutos segundos. “Paixão dos Fortes” retrata essa batalha quase que mitológica sobre o ponto de vista do diretor John Ford, com roteiro baseado no livro Wyatt Earp: Frontier Marshal.

O diretor relatou posteriormente que o filme é uma tentativa de ser fiel Wyatt Earp, que participou do embate. Ou seja, uma tentativa de ser historicamente correto, porém sem abrir mãos dos valores conservadores que Ford imprimia em seus filmes, como uma espécie de lente para ler o passado.

Ano de produção: 1946
Direção: John Ford
Sinopse: Wyatt Earp (Henry Fonda) é um pacífico e respeitado criador de gado, negócio que comanda junto com os irmãos Morgan (Ward Bond), Virgil (Tim Holt) e James (Don Garner). Quando James é assassinado e sua criação roubada, Earp aceita tornar-se xerife de Tombstone para instaurar a paz na cidade, encontrar os criminosos que procura e vingar a morte do irmão. (Adoro Cinema)

Sangue de Heróis (Fort Apache)

O ressentimento com o fim da guerra de secessão, a expansão da fronteiro do oeste, as tensões raciais com os mexicanos e indígenas, o militarismo e o destino manifesto, tudo isso está presente em “Sangue de Heróis“, uma marco na história dos filmes de heróis.

Além disso tudo, a combinação entre John Wayne, Henry Fonda, Shirley Temple e John Ford na direção, coroam esse como mais um western clássico.

Ano de produção: 1949
Direção: John Ford
Sinopse: Após a Guerra Civil dos Estados Unidos, o condecorado Tenente Coronel Owen Thursday se ressente de sua transferência para a fronteira deserta. Ele se esforça para impor uma disciplina militar rígida às tropas esfarrapadas sob seu comando e planeja subjugar violentamente os nativos americanos que considera selvagens e indisciplinados. Thursday é confrontado pelo experiente Capitão Kirby York, que acredita na paz entre o exército e as tribos locais. York prova estar correto quando Thursday lidera suas tropas para um massacre nas mãos do lendário líder apache, Cochise. (HBO Max)

Flechas de Fogo (Broken Arrows)

Os anos 50 trouxeram muitas inovações para Hollywood, em especial para os westerns, que encontrava-se agora amadurecido. Veja, não se trata de uma desconstrução radical do gênero, mas rachaduras começam a ser feitas na estrutura clássica e os arquétipos começam a ser mudados aqui e acolá.

Nesse sentido, “Flechas de Fogo” é um filme inovador. Afinal, ele questiona o papel do principal vilão dos filmes de faroeste, o indígena. Antes vistos como seres bestiais, eles passam agora a serem encarrados como certa humanidade. Mas, veja, novamente, não se trata de uma ruptura completa. Os povos originários ainda são os antagonistas, eles ainda são o empecilho que impedem o progresso e, por isso, devem ser superados. Porém, agora há entre eles a figura do “bom selvagem”, com quem se pode dialogar para chegar a um acordo. Tudo claro passa pelo herói salvador branco, que ainda é a figura principal do filme.

Ano de produção: 1950
Direção: Delmer Daves
Sinopse: Por uma década, os colonizadores brancos e os Apaches estão envolvidos em uma guerra sangrenta sem fim pacífico à vista. Quando um caçador branco, Tom Jeffords, tem um encontro perigosamente próximo, mas esclarecedor com os nativos, ele começa a ver a humanidade nestes “inimigos”. Entrando no território Apache à busca da paz, Jeffords forma uma amizade com o Apache Cochise líder, embora haja pessoas de ambos os lados que resistem a isso. (Filmow)

Matar ou Morrer (High Noon)

Se em “Flechas de Fogo” é o papel do indígena que é questionado, “Matar ou Morrer” (“High Noon“) coloca em xeque outra figura muito importante para os filmes de faroeste, o Xerife. Pois, nesse filme o Xerife é o único homem bom que restou numa sociedade corrompida. E ele inclusive está disposto a se colocar em risco para salvar tal sociedade, contudo tudo que encontra é covardia e ingratidão. Com isso, ele se desilude com tal sociedade (que nos westerns anteriores era o suprassumo da moral ocidental). Além disso, essa desilusão e essa desistência da sociedade aponta para um tema que será trabalho em filmes posteriores.

Ano de produção: 1952
Direção: Fred Zinnemann
Sinopse: Will Kane (Gary Cooper) é um xerife que fica sabendo na hora de seu casamento que ao meio-dia chegará um trem trazendo Frank Miller (Ian MacDonald), um criminoso que mandou para a cadeia e planeja se vingar. Apesar de Amy (Grace Kelly), sua noiva quaker, argumentar que devem ir embora, ele acha que fugirá para sempre se não enfrentar a situação. A população, no entanto, (com raras exceções) se refugia sem ajudá-lo, apesar dele pedir aos cidadãos para enfrentarem o pistoleiro e seus cúmplices. (Adoro Cinema)

Os Brutos Também Amam (Shane)

Bom, mas não foi apenas de desconstruções que os filmes de faroeste viveram nos anos 50. Houve também alguma continuidade com os arquétipos clássicos. E “Os Brutos Também Amam“, ou “Shane” no original, é a prova máxima disso. Tanto que é descritos por muitos autores como uma declaração de amor ao gênero. Afinal, trabalha os temas e personagens clássicos, numa roupagem moderna para época, mas o intuito é claramente fazer um western clássico.

Uma curiosidade legal é que esse filme é visto em “Logan“, na cena onde a X-23 (Dafne Keen) e o Professor Xavier (Patrick Stewart) estão assistindo TV. Além disso, no funeral do Wolverine, a X-23 faz o mesmo monólogo que o protagonista do western, ligando ambos os filmes. Isso é uma homenagem do diretor James Mangold, um grande fã de filmes de faroeste, e que inclusive declarou que “Os Brutos Também Amam” é a maior inspiração para o seu filme.

Ano de produção: 1953
Direção: George Stevens
Sinopse: O filho de humildes rancheiros passa a idolatrar o gentil e muito hábil pistoleiro Shane (Alan Ladd). Ele, um forasteiro na cidade, ajuda o grupo de pequenos colonos a defender suas terras de capangas a serviço de um barão do gado. (Adoro Cinema)

Johnny Guitar

Flechas de Fogo” começa um questionamento sobre a figura dos indígenas, “Matar ou Morrer” sobre a figura do Xerife e agora para fechar a trinca dos anos 50, “Johnny Guitar” debate o papel da mulher no Velho Oeste. De fato é um filme avançado para a época, afinal a mulher não está presa nos papéis costumeiros (a passiva e submissa dona de casa e mãe ou a desajustada e marginalizada prostituta).

Estrelado pela icônica Joan Crawford, o filme traz a mulher empreendedora dona de si mesma e de um saloon, que sabe o que quer e como conseguir. Ela não está mais indefesa nem submissa, sendo agora protagonista da própria história. Contudo, esses avanços só vão até certo ponto, afinal, estão presentes do filme a rivalidade feminina (nada progressista para os dias atuais) e a necessidade de um homem forte para salva a mulher. Homem esse que inclusive dá título ao filme, apesar de a protagonista ser uma mulher.

Ano de produção: 1953
Direção: George Stevens
Sinopse: Vienna, dona de um saloon próximo da ferrovia, tem planos ambiciosos para seu terreno. Emma Small, filha de um rico fazendeiro da cidade vizinha, não pretende deixar que ela os realize. Emma é apaixonada por Dancin’ Kid, que prefere Vienna. (Prime Video)

Rastros de Ódio (The Searchers)

Mais um western clássico que não se envergonha de ser um western clássico. Afinal, a parceria entre os Johns, o Wayne e o Ford, só poderia resultar nisso mesmo. “Rastros de Ódio” aborda todos os temas clássicos, as questões territoriais, as questões raciais, o cáuboi branco heróico, a questão fundiária. Enfim, está tudo lá. Embora, haja certa inovação, pois o protaginista apresenta uma visão que não á típica visão dualista dos filmes de faroeste clássicos. Até porque a história é muito pesada e madura. Mas também é marcada por uma visão de mundo até preconceituosa. Contudo, com seus deméritos e avanços, o filme continua indispensável pra quem quer conhecer a história dos filmes de faroeste.

Ano de produção: 1956
Direção: John Ford
Sinopse: O veterano da Guerra Civil Ethan Edwards (John Wayne) chega ao Texas em 1868 e encontra o seu irmão e a família dele. Entretanto, no dia seguinte, comanches invadem o rancho e matam o seu irmão e Martha (Dorothy Jordan), a esposa dele. Além disso, raptam as duas filhas do casal. Ethan parte então em uma busca vingativa pelas meninas junto com o companheiro Martin (Jeffrey Hunter), um mestiço que logo percebe que Ethan está obcecado por matar os índios e cheio de ódio racista. Eles encontram o corpo da mais velha, e saem em busca da caçula, que procuram por mais 5 anos no deserto. (Adoro Cinema)

Onde Começa o Inferno (Rio Bravo)

Aqui os temas clássicos são revisitados e há muita tensão e ação, como um bom western deve ter. Além disso, há a presença dos famosos coadjuvantes marginais, isto é, que não se encaixam perfeitamente nos papéis que a sociedade determina. Contudo, acabam sendo absolvidos por sua conduta. Afinal, o velho oeste precisa de homens duros, que nem sempre seguem as regras, para defender o avanço da sociedade contra os bandidos.

Ano de produção: 1956
Direção: Henry Hathaway
Sinopse: O xerife John T. Chance prende o irmão de um poderoso proprietário de terras depois que este mata um homem. A família do preso, os Burdettes, contratam 40 pistoleiros profissionais para retirá-lo da cadeia. Para evitar isso, Chance tem ajuda de um alcoólatra, um velho aleijado, um jovem músico e sua namorada. (Filmow)

Da Terra Nascem os Homens (The Big Country)

O western foi por muito tempo um gênero puramente americano, afinal, tratava de um período específico dos Estados Unidos, a colonização do Velho Oeste. E é por isso que as paisagens do meio oeste são não só uma ambientação, mas também um personagem em si desses filmes. Contudo, as obras tratavam a colonização como um direito do homem branco, ou destino da nação estadunidense. Porém, em “Da Terra Nascem os Homens” (“The Big Country“) questiona pela primeira vez essa relação entre homem, natureza e colonização.

Ano de produção: 1958
Direção: William Wyler
Sinopse: Um antigo capitão de navio (Gregory Peck) vai para o Oeste se casar com Carroll Baker e morar na fazenda de seu pai (Charles Bickford). Um desprezo mútuo se estabelece entre Peck e o capataz da fazenda (Charlton Heston). Baker tem muitas das sensibilidades machistas de Heston, o que afasta Peck dela e o leva aos braços de uma professora (Jean Simmons), que vem a ser a dona da única fonte de água num raio de quilômetros. Bickford e Burl Ives concorrem pelos direitos da água de Simmons e estão dispostos a tudo pela única nascente. As tensões entrelaçadas entre Peck & Heston e Bickford & Ives terminarão inevitavelmente num confronto climático e violento. (Apple TV)

https://www.youtube.com/watch?v=-EsoGXKkiOU

O Álamo (The Alamo)

A Batalha do Álamo foi um evento importante na história dos EUA e do México. Contudo antes de ser um retratação que busca ser histórica precisa, “O Álamo”, filme dirigido e protagonizado por John Wayne, usa esse pano de fundo para reforçar ideias de masculinidade e moralidade caros ao diretor. Ou seja, indispensável para entender não só a história dos filmes de faroeste, mas a visão de um dos principais realizadores do gênero.

Ano de produção: 1960
Direção: John Wayne
Sinopse: Em 1836, o general Santa Anna e o exército mexicano estão varrendo o Texas. Para detê-lo o general Sam Huston precisa de tempo e ordena que o coronel William Travis defenda uma pequena missão na rota dos mexicanos. (Prime Video)

Sete Homens e um Destino (The Magnificent Seven)

Pode parecer estranho, mas os filmes de Samurai influenciaram e muito os westerns. Um filme em especial marcou muito, estamos falando de “Os Sete Samurais” de Akira Kurosawa. Tanto é que um dos filmes de faroeste mais clássicos de todos os tempos “Sete Homens e um Destino”, que conta como nomes de peso, como Steve McQueen e Charles Bronson, nada mais é do que uma refilmagem do filme japonês, só que no velho oeste. Ou seja, indispensável.

Ano de produção: 1960
Direção: John Sturges
Sinopse: Yul Brynner é um dos sete pistoleiros que vão enfrentar um exército de saqueadores neste empolgante clássico com Steve McQueen, Charles Bronson e James Coburn. Eli Wallach também estrela nesse conto atemporal do bem contra o mal. (Prime Video)

A Conquista do Oeste (How the West Was Won)

Apesar de ser uma histórica com todas as características clássicas, esse não é um dos westerns mais épicos. Contudo, é uma tentativa de manter o mito vivo, a história de como os brancos colonizaram o Oeste com nada além de sua força de vontade. É mais uma história narrada do ponto de vista conservador. A inovação está em que três grandes nomes da direção se juntaram para produzir esse longa, a saber John Ford, Henry Hathaway e Richard Thorpe. E é claro que teríamos John Wayne atuando.

Ano de produção: 1962
Direção: John Ford, Henry Hathaway, Richard Thorpe
Sinopse: Partindo para uma viagem para o oeste nos anos 30, a família Prescott vai de encontro à um homem chamado Linus, que os ajuda a lutar contra um grupo de ladrões. Linus se casa com Eve Prescott e trinta anos depois, vai para uma guerra civil com o filho deles. A irmã de Eve, Lily, vai mais para o interior do oeste e se aventura com um apostador de jogos, indo até São Francisco, em 1880. (Apple TV)

O Homem que Matou o Facínora (The Man Who Shot Liberty Valance)

Entre outras coisas o Western é um debate entre a “civilização” e a “barbárie” ou a “selvageria”. O oeste é essa fronteira onde a lei da civilização ainda não chegou, mas precisa ser instaurada a força. O cowboy é a figura responsável por fazer isso, destruir a “selvageria” dos indígenas e impedir o avanço dos fora-da-lei, para que a sociedade possa florescer e instaurar o reino da democracia e da legalidade.

Mas em que momento a “lei da pistola” deve deixar de imperar, ou como diria Shane, “deixar de haver armas no vale”? Esse é o debate de “O Homem que matou o Facínora“, que se dá entre as figuras de Ransom Stoddard (James Stewart) e Tom Doniphon (John Wayne). Há debates se esse é um western revisionista, pois muitos estereótipos são reforçados. Mas não há dúvidas de que debates interessantes são colocados na mesa. Independente da posição adotada pelo direto John Ford.

Ano de produção: 1962
Direção: John Ford
Sinopse: A cidade de Shinbone, no Velho Oeste, recebe a visita de Ransom Stoddard (James Stewart), senador que vai para o funeral de Tom Doniphon (John Wayne), vaqueiro do qual era muito amigo. Ao ser entrevistado por um repórter, Ransom começa a contar que sua fama começou quando ainda era um advogado recém-formado e Liberty Valance (Lee Marvin) matou um perigoso bandoleiro. (Adoro Cinema)

Crepúsculo de Uma Raça (Cheyenne Autumn)

Os anos 60 trouxeram debates importantes para a sociedade estadunidense, como a luta por direitos civis. Isso trouxe reflexo para os filmes de faroeste também. A figura do indígena passa a ser revistada. Nesse sentido “Crepúsculo de uma Raça” pode ser considerado um filme progressista em termos para a época. Pois, os povos originários, nesse caço os Cheyenne, passam a ser visto com outros olhos e o homem branco passa a ter uma parcela de culpa pelos conflitos de raça que ocorreram no Oeste.

Mas, claro, tudo deve ser entendido com uma perspectiva histórica. Afinal, mesmo que progressista o filme não deixa de fazer uso de recursos racistas.

Ano de produção: 1964
Direção: John Ford
Sinopse: Após o desrespeito do acordo de entrega de suprimentos à tribo indígena Cheyenne por parte do governo, mais de 300 índios decidem deixar sua reserva rumo ao Wyoming, terra onde sempre estiveram. O capitão da cavalaria americana Thomas Archer (Richard Widmark) é designado para a missão de contê-los e evitar sua viagem. No entanto, Archer muda de idéia quando encontra com os indígenas. (Adoro Cinema)

Por um Punhado de Dólares (Per un pugno di dollari)

Ainda nos anos 60 a estrutura clássica do western sofreu outro duro golpe, os filmes de faroeste atravessaram o atlântico, indo para na Europa. Os responsáveis por isso foram os diretores italianos, que surrupiaram para si e subverteram a estrutura narrativa do gênero. Agora o velho oeste não era uma excluisividade dos Estados Unidos. Com isso, criou-se o que ficou conhecido como Spaghetti Western, ou Bang-bang à italiana.

O principal diretor desse movimento foi Sergio Leone, que com sua trilogia dos dólares inscreveu seu nome na história do cinema mundial. Além disso, apresentou ao mundo a lenda, Clint Eastwood, que se tornaria o novo grande nome do western, substituindo até mesmo John Wayne. O filme que abre essa trilogia é “Por um Punhado de Dólares“.

Ano de produção: 1964
Direção: Sergio Leone
Sinopse: Um pistoleiro sem nome (Clint Eastwood) chega à San Miguel, uma cidade no México que faz fronteira com os Estados Unidos. O lugar está em guerra, dividido entre duas facções poderosas, os Baxters e os Rojos, e ambas querem o apoio do pistoleiro. Para ganhar dinheiro, ele aceita as duas propostas e passa a trabalhar para as gangues rivais. (Adoro Cinema)

Por uns Dólares a Mais (Per qualche dollaro in più)

No ano seguinte o direto Sergio Leone continua sua parceria com Clint Eastwood. Com o sucesso dos dois filmes o western nunca mais seria o mesmo. O caubói deixa de ser a figura heroica, faladora e com moral inabalável, característica dos personagens de John Wayne. Agora o protagonista é bruto, violento em demasia e lacônico, isto é, se caracteriza mais pelo não dito. Sua intenção é misteriosa, sua moral dúbia. Não há mais espaço para o bom-mocismo. Afinal, não estamos no oeste estadunidense, onde a civilização precisa ser implanta. Estamos no velho continente, a civilização já foi implantando e falhou miseravelmente com seus cidadãos.

Além disso, com o advento do spaghetti western as cenas de ação, os famosos bang-bang, ganham novo dinamismo. Claro que a trilha de Ennio Morricone nos três filmes da franquia tem papel fundamental nesse potno.

Ano de produção: 1965
Direção: Sergio Leone
Sinopse: Manco (Clink Eastwood) é um astuto caçador de recompensas, que perambula pelas cidades do velho oeste americano em busca de um novo alvo. Ele o encontra quando vê o cartaz de procurado de Indio (Gian Maria Volonté), um perigoso bandido que também está sendo procurado pelo coronel Douglas Mortimer (Lee Van Cleef), outro caçador de recompensas. Os dois partem no encalço de Indio mas, sem conseguir capturar o bandido nem eliminar o rival, eles precisam decidir entre unir forças ou serem eliminados pela gangue de Indio. (Adoro Cinema)

Três Homens em Conflito (Il buono, il brutto, il cativo)

O filme que encera a trilogia dos dólares do diretor Sergio Leone é “Três Homens em Conflito” (Il buono, il brutto, il cativo). Após o grande sucesso da trilogia e de outros trabalhos da dupla Leone e Eastwood o western nunca mais foi o mesmo. Inclusive essas duas figuras foram lançadas ao estrelato internacional, indo parar em Hollywood, onde tiveram uma careira muito frutífera.

Ano de produção: 1966
Direção: Sergio Leone
Sinopse: Em meio à Guerra Civil Americana, três homens fazem de tudo para colocar as mãos em 200 mil dólares roubados. (Adoro Cinema)

Hombre

Hombre” de 1967 pode não ser o western mais famoso, mas ajuda a entender a história dos filmes de faroeste. Pois, assim como muitas produções dos anos 60, questiona estereótipos estabelecidos. Nesse caso em específico o estereótipo racial em cima dos indígenas e dos “mestiços” é questionado. Mas, também como muitas produções da época, outra figura diametralmente oposta é colocada no lugar do “índio bestial”. Trata-se da figura do “bom selvagem”. Que pode não fazer parte da sociedade, mas também não a agride.

Ano de produção: 1967
Direção: Martin Ritt
Sinopse: John Russell, desprezado por seus “respeitáveis” companheiros de diligência, porque foi criado por nativos americanos, torna-se única esperança de sobrevivência quando eles são atacados por bandidos. (IMDb)

Bravura Indômita (True Grit)

Apesar de os anos 60 terem sido a década da desconstrução ou no mínimo do revisionismo do western, ainda assim haviam aqueles que lutava com unhas e dentes para que nada mudasse. Exemplo máximo desse conservadorismo cinematográfico é, sem dúvidas, John Wayne.

Bravura Indômita” é uma adaptação do romance de um romance mesmo nome escrito por Charles Portis no auge da contracultura. No filme, Wayne interpreta um homem da lei com problemas com o álcool e caolho. Ou seja, a obra original é uma desconstrução do gênero e o personagem de John Wayne é uma sátira do cowboy mítico. Entretanto, Wayne e o diretor Henry Hathaway conseguem imprimir uma forte carga conservadora que até mesmo se afasta da obra original, para tentar manter a “pureza” dos filmes de faroeste, mesmo em meio aos novos tempos.

Ano de produção: 1969
Direção: Henry Hathaway
Sinopse: Uma garota, Mattie Ross (Kim Darby), contrata por 100 dólares um xerife caolho e beberrão, “Rooster” Cogburn (John Wayne), para que capture o assassino de seu pai. Ela exige ir junto na jornada, para ter certeza que a meta foi cumprida. Na perseguição eles acabam entrando em território índio, na intenção de alcançar o criminoso. (Adoro Cinema)

Meu Ódio Será Tua Herança (The Wild Bunch)

Ao fim dos anos 60 o western parecia cansado, talvez ninguém mais se importasse com os filmes de bang-bang. Isso se deu talvez, por que os movimentos sociais vieram e colocaram outras pautas em debate. De repente o american-way estava abalado e filmes da faroeste já não tinham o mesmo apelo. Talvez por isso foi um período tão fértil para as desconstruções do gênero.

O cowboy antes idolatrado como a figura que, por mais violento que fosse, seria o responsável por civilizar e colonizar o Oeste. Agora trata-se de explorar o final da colonização, um momento onde a fronteira já está fixada e a civilização avança. Portanto, a figura do cowboy começa a cair em desuso e seus métodos passam a ser questionados. “Meu Ódio Será Tua Herança” é um exemplo paradigmático disso, usando o final do velho oeste para discutir práticas de seu tempo que, assim como os cowboys, devem ficar no passado.

Ano de produção: 1969
Direção: Sam Peckinpah
Sinopse: O criminoso Pike Bishop está prestes a cometer seu último roubo antes de se aposentar. Ao lado de sua gangue, que inclui o holandês Engstrom e os irmãos Lyle e Tector Gorch, Pike descobre que o assalto é uma armadilha orquestrada por seu antigo parceiro, Deke Thornton. O bando busca refúgio em território mexicano, mas é logo encontrado, dando início a uma série de tiroteios com muitas fatalidades. (Apple TV)

Era Uma Vez no Oeste (C’era una volta il West)

No final dos anos 60, Sergio Leone já havia escrito seu nome na história do cinema mundial. E em “Era Uma Vez no Oeste” ele prova porque é um dos melhores diretores que o gênero de faroeste já teve. Todos os temas que o fizeram famoso estão ali: a violência absurda dos tempos “sem lei” do Velho Oeste, os personagens imperfeitos e com moral dúbia. Ou seja, é um clássico revisionista que mistura o melhor do bang-bang à italiana com o cinema hollywoodiano. Mas, mesmo assim crítica e público não o entenderam na época e o filme só foi aclamado anos mais tarde.

Ano de produção: 1969
Direção: Sergio Leone
Sinopse: Uma gangue mata a família de Brett para tomar suas terras. Com contas a acertar com os criminosos, um homem misterioso se une a um fora da lei para proteger a viúva. (Globoplay)

Butch Cassidy (Butch Cassidy and the Sundance Kid)

Butch Cassidy“, ou “Butch Cassidy and the Sundance Kid” conta a história do bando de Robert LeRoy Parker, o bandido conhecido como Butch Cassidy, que após uma tentativa de assalto frustrada tem de correr das autoridades. Parece uma história normal de velho oeste com seus bandido clássicos, contudo esse filme subverte a narrativa padrão, colocando os bandidos como protagonistas, quase como os mocinhos da história.

Você sabe que eles são os “fora da lei”, os “vilões”, mas mesmo assim o espectador é levado a sentir empatia por esses malfeitores. De fato, um roteiro inovador que rompe com as antigas tradições. Não à toa foi produzido no final dos anos 60.

Ano de produção: 1969
Direção: George Roy Hill
Sinopse: Wyoming, início de 1900. Butch Cassidy e The Sundance Kid são líderes de bandidos. Depois que um roubo de trem dá errado, eles fogem, com um pelotão atrás deles. A solução, fugir para Bolívia. (IMDb)

Pequeno Grande Homem (Little Big Man)

Com os anos 70 e o surgimento da Nova Hollywood já não havia mais espaço para o Velho Velho Oeste. As tradições já não faziam sentido, nem o modo como contar essas histórias. Os heróis se tornam caricatos e os pistoleiros revelam sua face mais cruel. Um filme que podemos considerar que “introduz” esse movimento é “Pequeno Grande Homem“.

O longa subverte a trama clássica e faz um revisionismo nas figuras paradigmáticas do faroeste. Dos heróis de guerra do passado aos povos originários, contando uma nova versão do contato entre esses dois povos. Mais historicamente acurada? Talvez! Mas o fato é que esse revisionismo serve mais para pautar debates de sua contemporaneidade do que para explicar o passado de maneira fidedigna e verossímil.

Ano de produção: 1970
Direção: Arthur Penn
Sinopse: Jack Crabb (Dustin Hoffman), de 121 anos, encontra um homem que gosta de ouvir histórias. A partir daí o velho relembra sua vida e conta por tudo que já passou, desde a infãncia. Quando pequeno foi capturado por índios e passou a viver com eles, virou pistoleiro, se casou com uma índia e depois assistiu ao assassinato dela por George Custer (Richard Mulligan), de quem virou guia. (Adoro Cinema)

Onde os Homens são Homens (McCabe & Mrs. Miller)

Outro filme típico da interpretação da Nova Hollywood sobre os filmes de faroeste é “Onde os Homens são Homens” (“McCabe & Mrs. Miller“). Afinal, aqui tudo está invertido. Os protagonistas são um dono de prostíbulo e uma prostituta, figuras que seriam apenas coadjuvantes no western clássico e deveriam ser “purificados” ao final da trama. Mas nesse longa eles se mantem como estão até o final.

Outro ponto de ruptura é que há uma crítica ao capitalismo como estrangulador da empreendedorismo individual, afinal os negócios locais são ameaçados pela mega empresa que vem de fora, nesse caso a mineradora. Além disso, nas palavras do professor Rafael Borges:

“Não há heróis na trama, nem mesmo a wilderness. Ela literalmente sepulta aqueles que nela se aventuram. É uma visão radicalmente diferente da que se estabelece nos faroestes clássicos.”

Rafael Borges – COMO O OESTE SE PERDEU: REPRESENTAÇÃO, NAÇÃO E MODERNIDADE NO NOVO WESTERN (1969-2012)

Ano de produção: 1971
Direção: Robert Altman
Sinopse: Um jogador e uma prostituta tornam-se parceiros de negócios em uma remota cidade mineira do Velho Oeste, e sua empresa prospera até que uma grande corporação entra em cena. (IMDb)

Chato’s Land

E os anos 70 continuam desconstruindo a narrativa clássica do western com “Chato’s Land“. Agora a barbárie a e crueldade estão do lado dos brancos, a habilidade e a destreza invejável estão do lado dos indígenas. A sociedade é corrupta. Além disso, pode ser lida uma alegoria a presença dos EUA no Vietnã. Afinal, nos dois casos o branco invasor é derrotado e volta pra casa humilhado.

Porém um ponto de continuidade talvez seja a hipermasculinização. Pois, mesmo não sendo branco um homem ainda é homem ao usar da violência. No caso de “Chato’s Land” temos ninguém menos que Charles Bronson como um mestiço boladão que mata geral.

Ano de produção: 1972
Direção: Michael Winner
Sinopse: Nos anos 1870 no Novo México, um mestiço mata um xerife em autodefesa, mas o gangue que eventualmente o persegue se encontra em território perigoso. (IMDb)

O Estranho sem Nome (High Plains Drifter)

A Trilogia dos Dólares lançou Sergio Leone para a fama mundial, mas também deu estrelato a Clint Eastwood. O ator carrancudo foi parar em Hollywood, onde estrelou diversos filmes de faroeste, se tornando inclusive sinônimo de cowboy. Porém, diferente dos personagens de John Wayne, os vaqueiros de Eastwood são lacônicos, brutos e com moral ambíguia.

O primeiro grande western do ator em Hollywood, “O Estranho sem Nome”, já traz todas essas características. O cowboy fala pouco, bebe muito e é violente sem motivos, apenas a violência pela violência. Além disso, o Oeste como mito fundador já não existe mais. O Velho Oeste é agora um lugar ruim, com pessoas mesquinhas e covardes.

Ano de produção: 1973
Direção: Clin Eastwood
Sinopse: Entre tiroteios e existencialismo, um estranho é contratado para proteger uma vila dos fora-da-lei, mas sua receita de defesa poderia ser um pacto com o demônio. (Netflix)

Valdez, O Mestiço (Valdez, il Mezzosangue)

Valdez, O Mestiço” é mais uma filme de ação com Charles Bronson que se passa no Velho Oeste. Mas pode ser lido como outro western revisionista. Pois, a violência parte da sociedade, enquanto o mestiço – figura anteriormente estigmatizada – é o protagonista. Mas há também continuidade, especialmente na questão da hipermasculinidade explorada, que sinceramente pode cair para um erotismo até incosciente.

Ano de produção: 1973
Direção: Duilio Coletti, John Sturges
Sinopse: Chino é um habilidoso cowboy e criador de cavalos. Tudo corria bem em seu pequeno e modesto rancho, até que sua invejosa vizinhança começou a ficar irritada com o sucesso do rancheiro mestiço. Agora, ele terá que isar da força para enfrentar tudo e todos e manter seu rancho e sua própria pele em paz, e assim, valer seus direitos. (Filmow)

Banzé do Oeste (Blazing Saddles)

Você sabe que um gênero cinematográfico está saturado quando começam a pipocar comédias satíricas ridicularizando esse gênero. Nos anos 70 isso acontece com o Western. Os filmes de faroeste sempre tiveram alívios cômicos e muitos western B eram comédias. Contudo, eram filmes que se levavam a sério e “respeitavam” a fórmula.

Banzé no Oeste” joga tudo isso pela janela para criar uma obra que zomba e ridiculariza a receita clássica do velho oeste e seus preconceitos. Só poderia ser uma criação de Mel Brook.

Ano de produção: 1974
Direção: Mel Brooks
Sinopse: Um governador corrupto concede um indulto a um condenado afro-americano, se o condenado concordar em servir como xerife em uma pequena cidade do Oeste, pois acredita que novo xerife viverá apenas o suficiente para atender as necessidades do governador e do perverso barão financiador da ferrovia. (Youtube)

Josey Wales – O Fora da Lei (The Outlaw Josey Wales)

Josey Wales – O Fora da Lei” é baseado num livro escrito escrito por um ex-líder e retórico da KKK, contudo a produção consegue se distanciar de sua obra inspiradora e de seu racismo segregador, pelo menos tanto quanto foi possível. Ou seja, é o resumo do que se tornou o novo western: revisionista e progressista em certa medida, mas ainda assim ligado as raízes e estereótipos problemáticos velho western que ajudou a fundar o mito civilizatório dos Estados Unidos da América.

Ano de produção: 1976
Direção: Clint Eastwood
Sinopse: Logo após o término da Guerra Civil americana Josey Wales (Clint Eastwood), um pacato fazendeiro, se transforma num cruel justiceiro dos Confederados para vingar o massacre de sua família por um grupo de criminosos aliados ao exército da União. (Adoro Cinema)

https://www.youtube.com/watch?v=A83ghPIXY8g

O Último Pistoleiro (The Shootist)

O Último Pistoleiro” é, como o nome pode sugerir, uma ode ao passado, marcando oficialmente o fim da carreira de John Wayne como ator. A personagem principal, assim como o ator que lhe dá vida, é uma peça de museu, um resquício do passado que se nega a ser enterrado. É uma tentativa de reviver os velhos dias de glória e não sucumbir ao novo western. Afinal, nenhuma movimento progressista surge sem um contra golpe reacionário.

Ano de produção: 1976
Direção: Don Siegel
Sinopse: John Bernard Books, famoso pistoleiro perto dos sessenta anos, descobre que tem câncer em estágio terminal e volta à sua cidade natal.(Prime Video)

O Portal do Paraíso (The Heaven’s Gate)

Os anos 70 viram florescer uma nova fase de experimentalismos e liberdade criativa para os diretores, especialmente com o famoso movimente da Nova Hollywood. E isso se deu nos westerns também. Mas ironicamente foi um western que ajudou a enterrar o sonho da Nova Hollywood.

Isso porque o filme “O Portal do Paraíso” do diretor Michael Cimino custou muito, demorou para ficar pronto, foi massacrado pela crítica e foi um fracasso de bilheteria. Tanto que levou o estúdio United Artists à falência. Em suma, é um filme que tenta polemizar e fazer críticas ao capitalismo, mas sucumbe diante do modelo de produção ao qual está inserido. De todo modo, foi o fim da linha para a Nova Hollywood. A partir dali os estúdios voltaram a ter mais controle do que os diretores, afinal trata-se de um show business.

Em suma, um filme contraditório: belo e feio ao mesmo tempo, e um investimento milionário feito para criticar o capitalismo. Como seu cineasta. Era possível ter feito O Portal do Paraíso por muito menos dinheiro e de forma, digamos, “mais tranquila”? Sim. Era necessário que o filme e Cimino carregassem para sempre o estigma de destruidores do sonho da Nova Hollywood? Claro que não. Mas foi o fim de uma era: uma época em que os cineastas sonhavam com temas polêmicos e fortes e confiavam nos estúdios para dar respaldo aos seus sonhos. E também confiavam que as plateias fossem querer ver essas histórias.

Ivanildo Pereira em ‘O PORTAL DO PARAÍSO’: PONTO FINAL DA NOVA HOLLYWOOD MERECE SER REDESCOBERTO. Disponível em https://www.cineset.com.br/o-portal-do-paraiso-marco-do-fim-do-sonho-da-nova-hollywood-merece-ser-redescoberto/

Ano de produção: 1980
Direção: Michael Cimino
Sinopse: Um grupo de barões de gado se reúne, com o apoio do governo, e cria uma lista de imigrantes a serem assassinados. Eles contratam mercenários para executarem a ação. O xerife de um condado da região busca impedir a tragédia. (Papo de Cinema)

Silverado

O western já havia experimentado de tudo. Tendo surgido no início do cinema nos ano 20/30, teve seu apogeu nos anos 40/50 e foi desconstruído ao máximo nas década de 60/70. Os anos 80 são, sem dúvidas, o declínio dos filmes de faroeste. No entanto isso não impediu o diretor de produzir uma obra que abusa dos clichês dos filmes de faroeste na metade da década de 1980. Pode não ser o filme mais emblemático, mas vale lugar na lista pela ousadia de produzir um western clássico no período e por ser divertido.

Ano de produção: 1985
Direção: Lawrence Kasdan
Sinopse: Um bando de caubóis decide tentar a sorte em uma cidade pequena, mas acaba batendo de frente com líderes corruptos e antigos inimigos. (Netflix)

O Cavaleiro Solitário (Pale Rider)

1985 viu outro grande filme de faroeste oxigenar o gênero. “O Cavaleiro Solitário“, dirigido e estrelado por Clint Eastwood. O longa traz Eastwood de volta ao personagem que lhe deu fama, um pistoleiro solitário de poucas palavras. Além disso, é um festival de clichês que estão presentes em todos os filme do diretor.

O filme não foi suficiente para revitalização o western, mas com certeza deu um folego a mais para o gênero. Até porque foi uma das maiores bilheterias daquele ano.

Ano de produção: 1985
Direção: Clint Eastwood
Sinopse: Um religioso desconhecido protege um pobre mineiro de uma gangue em uma cidadezinha. Depois disso, esse pregador se integra à comunidade local – até que arruma um conflito com o homem mais poderoso do local, dono de uma mineradora que quer invadir as terras dos trabalhadores.

Uma Estrada Sem Limites (Powwow Highway)

Aqui um ponto fora da curva. “Uma Estrada sem Limites” (“Powwow Highway” no original), não é um western clássico, nem revisionismo, há quem diga que não é nem um western. Isso porque o filme não se ambiente no Velho Oeste, mas sim no Oeste Contemporâneo (pra época). Além disso, é contado a partir da visão de dois homens descentes da tribo Cheyenne, que tentam se encontrar no mundo. É um filme tocante e reflexivo.

Ano de produção: 1989
Direção: Jonathan Wacks
Sinopse: Dois homens cheyennes do norte fazem uma viagem de Montana ao Novo México para resgatar a irmã de um deles que foi incriminado e preso em Santa Fé. No caminho, eles começam a se reconectar com sua herança espiritual. (IMDb)

Dança com Lobos (Dances with Wolves)

Saltamos alguns anos no futuro para o ano de 1990. Nesse ponto, embora um ou outro filme se destacasse, era quase que inegável que o western estava morto. Até que Kevin Costner o reviveu com “Dança com Lobos“. Mas essa ressureição se deu aos avessos. Afinal, trata-se de um conto sobre a violência do homem branco contra os indígenas.

Contudo, o filme não cai na armadilha dos westerns anteriores de estereotipar o indígena como o “bom selvagem”. Há pessoas ruins dos dois lados do conflito e essa guerra possui áreas cinzentas do ponto de vista moral. Mas, mesmo assim há derrapes, como a insistência em colocar o salvador branco para contar a história dos povos originários.

Ano de produção: 1990
Direção: Kevin Costner
Sinopse: Durante a Guerra Civil, um jovem soldado pratica uma ato ousado, é considerado herói e vai servir por sua escolha em um lugar com forte predominância do povo Sioux. Com o tempo, ele assimila os costumes dos nativos, acontecendo uma aculturação às avessas. (Cinema com Rapadura)

Os Imperdoáveis (Unforgiven)

Em “Os Imperdoáveis“, Clint Eastwood já está mais maduro e isso se reflete em um filme mais reflexivo. O que pode ser entendido como um espelho para o gênero como um todo. O pistoleiro vivido por Eastwood já não é mais infalível, errando muitos tiros ao alvo, e não está tão silencioso mais. Pelo contrário, ele questiona até mesmo o seu passado.

O professor de Ciência Política da Taylor University, R. Philip Loy, escreve no livro Western’s in a Changing America (1955-2000): “Oitenta e nove anos após o início do gênero com The Great Train Robbery, e um século depois que Frederick Jackson Turner declarou que a fronteira foi fechada, Unforgiven conclui o filme de western do modo como existiu por quase todo o século XX. Como a fronteira, o gênero está agora encerrado.”

Ano de produção: 1992
Direção: Clint Eastwood
Sinopse: Bill Munny (Clint Eastwood), um pistoleiro aposentado, volta ativa quando lhe oferecem 1000 dólares para matar os homens que cortaram o rosto de uma prostituta. Neste serviço dois outros pistoleiros o acompanham e eles precisam se confrontar com um inglês (Richard Harris), que também deseja a recompensa e um xerife (Gene Hackman), que não deseja tumulto em sua cidade.

The Ballad of Little Jo

Foi só quatro décadas após “Johnny Guitar” que tivemos outro western com uma mulher protagonista. Pelo menos dessa vez é ela quem dá título ao filme. “The Ballad of Littel Jo” traz a atriz Suzy Amis no pele de Little Jo, em um filme que debate violência de gênero, o papel social da mulher e muitos outros temas delicados. Ou seja, uma produção histórica que consegue ser de algum modo feminista em meio a um gênero masculino e sexista.

Ano de produção: 1993
Direção: Maggie Greenwald
Sinopse: Depois de ser expulsa de casa, uma jovem decide se disfarçar de homem para sobreviver ao implacável Velho Oeste. (IMDb)

Quatro Mulheres e um Destino (Bad Girls)

Mais um filme com mulheres protagonistas e agora elas vem em dose quadrupla. “Quatro Mulheres e um Destino” apresenta quatro protagonistas femininas fortes que não dependem de homens. Mais um tiro fatal na fórmula clássica do western. Afinal, são os anos 90 e ninguém mais se importa com filmes de faroeste.

Ano de produção: 1994
Direção: Johnathan Kaplan
Sinopse: Cody Zamora (Madeleine Stowe), Anita Crown (Mary Stuart Masterson), Eileen Spenser (Andie MacDowell) e Lilly Laronette (Drew Barrymore) são quatro prostitutas que trabalham no velho oeste. Um dia, Anita é quase molestada por um coronel rude e bêbado. Para impedir o estupro, Cody atira no homem, o que desperta a fúria da comunidade local, que quer enforcar moça. Porém, as outras três entram em ação e salvam a amiga, iniciando uma aventura que envolve: fugir do xerife, roubar bancos e muitas balas.

Rápida e Mortal (The Quick and the Dead)

Os anos 90 foram, sem dúvida, a década das protagonistas femininas nos filmes de faroeste. “Rápida e Mortal” é mais um exemplo paradigmático disso. E não havia escolha melhor do que Sharon Stone para viver a misteriosa e intrépida Ellen, mais uma protagonista forte que desafia a masculinidade dominante dos westerns.

Ano de produção: 1995
Direção: Sam Raimi
Sinopse: Ellen (Sharon Stone) chega ao vilarejo de Redenção para participar de um concurso entre pistoleiros, organizado anualmente por John Herod (Gene Hackman). Seu objetivo é enfrentar Herod, já que ele destruiu sua vida no passado. Logo ao chegar ela conhece o pastor Cort (Russell Crowe), que se recusa a usar uma arma para matar alguém novamente. Sabendo que Cort é um dos melhores pistoleiros da região, Herod tenta fazer com que ele também participe da competição. (Adoro Cinema)

Sinais de Fumaça (Smoke Signals)

No final dos anos 90 temos mais um filme western narrado do ponto de vista indígena. “Sinais de Fumaça” desconstrói duas visões racistas: a do índio bestializado dos westerns clássicos e a do “bom selvagem” dos westerns revisionistas e da Nova Hollywood. Com isso a intenção de propiciar a construção de uma história uma masculinidade indígena que não esteja ligada aos cowboys ou aos homens branco.

O sucesso vem do fato de ser um filme escrito, dirigido, atuado e produzido por indígenas. Além disso, o longa foi inspirado em The Lone Ranger and Tonto Fistfight in Heaven, um livro de contos do escritor Sherman Alexie.

Ano de produção: 1998
Direção: Chris Eyre
Sinopse: O jovem nativo americano Thomas é um nerd em sua reserva, usando óculos grandes e contando a todos histórias que ninguém quer ouvir. Seus pais morreram em um incêndio em 1976, e Thomas foi salvo por Arnold. Arnold logo deixou sua família e Victor não vê seu pai há 10 anos. Quando Victor ouve que Arnold morreu, Thomas oferece a ele financiamento para a viagem para obter os restos mortais de Arnold. (The Moovie Database)

O Segredo de Brokeback Mountain (Brokeback Mountain)

Saltamos quase dez anos no tempo para falar de um ponto fora da curva na história dos filmes de faroeste. “O Segredo de Brokeback Mountain” é um filme de western diferente. O primeiro ponto de diferença é que não se trata de um filme histórico, isto é, não se passa no Velho Antes, mas sim no Oeste atual.

Contudo, a principal diferença é a abordagem da questão homoafetiva. No western clássico essa questão não estava posta, pois a homossexualidade não poderia nem ser pensada no Velho Oeste. Mesmo que muitos autores concordem que a homoeroticidade sempre foi muito presente nos filmes de faroeste em todas as suas fases. Afinal, estamos falando de homens sozinhos na natureza selvagem.

Mas “O Segredo de Brokeback Moutain” é o primeiro a por o dedo na ferida e encarar a questão de frente. Expondo a hipocrisia da sociedade americana e abrindo a porta para novas experimentações.

Ano de produção: 2005
Direção: Ang Lee
Sinopse: Jack Twist (Jake Gyllenhaal) e Ennie Del Mar (Heath Ledger) são dois jovens que se conhecem no verão de 1963, após serem contratados para cuidar das ovelhas de Joe Aguirre (Randy Quaid) em Brokeback Mountain. Jack deseja ser cowboy e está trabalhando no local pelo 2º ano seguido, enquanto que Ennie pretende se casar com Alma (Michelle Williams) tão logo o verão acabe. Vivendo isolados por semanas, eles se tornam cada vez mais amigos e iniciam um relacionamento amoroso. Ao término do verão cada um segue sua vida, mas o período vivido naquele verão irá marcar suas vidas para sempre. (Adoro Cinema)

Onde os Fracos não têm Vez (No Country for Old Men)

Em 2007 os irmãos Joel e Ethan Coen dirigem o que pode ser a última pá de cal do western clássico. “Onde os Fracos não têm Vez” é baseado no romance homônimo de Cormac McCarthy e distorce totalmente a fórmula do faroeste. O caubói é uma figura risível, o xerife é um velho que não consegue lidar com os perigos do Velho Oeste e o vilão não tem motivações claras, ele só que matar. Até a violência é absurda, com o antagonista matando pessoas com uma arma de ar, objeto usado para abater gado.

Como diria Isabela Boscov é um belo exemplo de filmes de faroeste pós-moderno, “já que costumam tratar
da vida da fronteira num tempo em que os seus valores clássicos já foram subvertidos. Nada de honradez e hombridade; do faroeste, sobraram neles só a poeira e um ou outro cavalo”.

Ano de produção: 2007
Direção: Joel Coen e Ethan Coen
Sinopse: Texas, década de 80. Um traficante de drogas é encontrado no deserto por um caçador pouco esperto, Llewelyn Moss (Josh Brolin), que pega uma valise cheia de dinheiro mesmo sabendo que em breve alguém irá procurá-lo devido a isso. Logo Anton Chigurh (Javier Bardem), um assassino psicótico sem senso de humor e piedade, é enviado em seu encalço. Porém para alcançar Moss ele precisará passar pelo xerife local, Ed Tom Bell (Tommy Lee Jones). (Adoro Cinema)

Os Indomáveis (3:10 to Yuma)

James Mangold é um assumido fã de filmes de faroeste, tanto que levou a influência desse gênero para o que talvez seja seu filme mais famoso, Logan, que conta o fim de carreiro do Wolverine de Hugh Jackman. Mas foi só em 2007 que ele pode trabalhar em um western próprio.

Os Indomáveis” pode não ser o melhor trabalho do diretor, ou mesmo um western memorável, mas é um trabalho decente. O filme presta homenagens a fórmula clássica. Além disso, é um remake do longa homônimo lançado nos anos 50.

Ano de produção: 2007
Direção: James Mangold
Sinopse: Um pequeno fazendeiro concorda em manter um homem capturado enquanto espera um trem para ir ao tribunal em Yuma. Uma batalha de vontades começa enquanto esse homem tenta enganar o fazendeiro. (IMDb)

Bravura Indômita (True Grit)

Em 2010, três anos após o seu primeiro western e quarenta e um anos após o filme original, os irmãos Coen voltam ao gênero para dirigir a segunda adaptação de Bravura Indômita. No entanto, de acordo com os diretores sua intenção era muito menos fazer um remake do filme de 1969 e muito mais se aproximar da obra original, o livro de Charles Portis.

E em alguma medida esse resultado é alcançado. A lenda do Velho Oeste não tem tanto espaço nesse western pós-moderno. As personagens do filme são mais próximas de suas contrapartes literárias. A jovem Mattie Ross, vivida pela atriz, Hailee Steinfeld é muito mais astuta e durona, enquanto as personagens masculinas são questionáveis e em certa medida ridículas.

Importante lembrar que os irmãos Coen ressaltaram em entrevista não terem feito um western, mas apenas adaptação de uma boa história. O fato de ser western seria coincidência. E de modo mais emblemático, quando questionados acerca do risco de trabalhar com o material que dera o único Oscar a John Wayne, o que poderia desagradar e macular a história do cinema, Ethan Coen respondeu de modo ríspido, mas que ratifica aos argumentos de nosso trabalho: “Eu não tenho certeza se John Wayne ainda é um ícone para nós e cada vez menos é um ícone à medida que a população que realmente vai ao cinema hoje se torna mais jovem”. Assim como Rooster Cogburn fora o passado para a geração do início do século XX, o faroeste clássico e seus heróis tornaram-se passado para a geração do século XXI.

Rafael Borges – COMO O OESTE SE PERDEU: REPRESENTAÇÃO, NAÇÃO E MODERNIDADE NO NOVO WESTERN (1969-2012)

Ano de produção: 2010
Direção: Joel e Ethan Coen
Sinopse: O pai de Mattie Ross (Hailee Steinfeld), de apenas 14 anos, foi assassinado a sangue frio por Tom Shaney (Josh Brolin). Em busca de vingança, ela resolve contratar um xerife beberrão, Reuben J. Cogburn (Jeff Bridges), para ir atrás dele. Inicialmente ele recusa a oferta, mas como precisa de dinheiro acaba aceitando. Mattie exige ir junto com Reuben, o que não lhe agrada. Para capturar Shaney eles precisam entrar em território indígena e encontrá-lo antes de La Boeuf (Matt Damon), um policial do Texas que está à sua procura devido ao assassinato de outro homem.

Django Livre (Django Unchained)

Quentin Tarantino é um dos diretores mais célebres de todos os tempos, tendo ajudado a reconfigurar o cinema nos anos mais recentes. E é claro, que o western não ficaria de fora dessa brincadeira, afinal, Tarantino adora referenciar o gênero em suas produções. E ele já começa metendo o pé na porta.

Isso porque seu primeiro faroeste Django Livre joga todas as convenções no lixo e reinventa o modo de se fazer westerns. Claro que ele preserva muitas coisas, o próprio nome do personagem principal é uma referência a uma série de filmes de westerns italianos. Mas muita coisa é subvertida. Um protagonista negro que chicoteia um branco dono de escravos. Além disso, o diretor explode a própria noção de Oeste, fazendo com se filme se passe num Oeste sulista para debater a questão da escravidão.

Da forma como faz, o filme Django Unchained também desconstrói a imagem da nação, expondo as feridas camufladas, dando-se o direito de reescrever a trajetória, senão das vítimas do passado, ao menos das vítimas do presente.

Rafael Borges – COMO O OESTE SE PERDEU: REPRESENTAÇÃO, NAÇÃO E MODERNIDADE NO NOVO WESTERN (1969-2012)

Ano de produção: 2012
Direção: Quentin Tarantino
Sinopse: Jamie Foxx interpreta Django, um escravo que se junta ao caçador de recompensas, Dr. King Schultz, para encontrar os criminosos mais procurados da região Sul com a promessa da liberdade de Django. (Prime Video)

Um Milhão de Maneiras de Pegar na Pistola (A Million Ways to Die in the West)

Sim, mais uma sátira ao velho oeste em forma de comédia pastelão. Sim, mais uma forma de provar que o western está saturado. Mas dessa vez é Seth MacFarlane o responsável por realizar tal façanha com “Um Milhão de Maneira de Pegar na Pistola” tradução um tanto quanto infeliz do título original “A Million Ways to Die in the West“, algo como Um milhão de maneiras de morrer no Oeste em tradução literal.

O mais interessante aqui é notar como os arquétipos e clichês do gênero são explorados por um diretor que cresceu nos anos 80, momento no qual o western já não era nem de longe tão popular, e como ele apresenta tudo isso a uma audiência dos anos 2010, que não tem as mesmas referências dos fãs do gênero do passado.

Ano de produção: 2014
Direção: Seth MacFarlane
Sinopse: O covarde fazendeiro Albert (Seth MacFarlane) se encanta com a misteriosa forasteira Anna (Charlize Theron) e, movido pela paixão, demonstra ter sim um pouco de coragem dentro de si. Sua recém-descoberta bravura, porém, logo é posta em xeque com a chegada do marido da bela, o famoso pistoleiro Clinch (Liam Neeson), foragido da justiça. (Adoro Cinema)

Os Oito Odiados (The Hateful Eight)

Três anos após seu primeiro western, Quentin Tarantino retorno ao gênero com o filme “Os Oito Odiados“. Dessa vez, no entanto, o filme se parece mais com a estrutura clássica dos filmes de faroeste. Tanto que a abertura do filme pode ser entendida como uma referência ao clássico de John Ford com John Wayne, “Nos Tempo das Diligências“. Contudo, o longa rapidamente muda de direção e Tarantino revela que seus personagens não se encaixam fácil nos arquétipo dos filmes de faroeste. Afinal, o gênero já estava subvertido para sempre.

Ano de produção: 2015
Direção: Quentin Tarantino
Sinopse: Durante uma nevasca, o carrasco John Ruth (Kurt Russell) está transportando uma prisioneira, a famosa Daisy Domergue (Jennifer Jason Leigh), que ele espera trocar por grande quantia de dinheiro. No caminho, os viajantes aceitam transportar o caçador de recompensas Marquis Warren (Samuel L. Jackson), que está de olho em outro tesouro, e o xerife Chris Mannix (Walton Goggins), prestes a ser empossado em sua cidade. Como as condições climáticas pioram, eles buscam abrigo no Armazém da Minnie, onde quatro outros desconhecidos estão abrigados. Aos poucos, os oito viajantes no local começam a descobrir os segredos sangrentos uns dos outros, levando a um inevitável confronto entre eles. (Adoro Cinema)

Rastro de Maldade (Bone Tomahawk)

Já que o gênero de western estava morto e enterrado na metade da década de 2010, parecia uma boa pedida experimentar. Aliás essas experimentações já ocorreram antes: “Westworld” misturou faroeste como ficção científica nos anos 70, fórmula que foi repetida por “Cowboys e Aliens” por volta de 2011. Mas é em “Rastro de Maldade” que a experimentação fica séria.

Afinal, o longa une western e terror para criar uma trama visceral e envolvente. Abusando dos clichês, estereótipos e preconceitos dos filmes de faroeste para gerar tensão na trama e prender o espectador.

Ano de produção: 2015
Direção: S. Craig Zahler
Sinopse: No Velho Oeste, um xerife veterano, seu assistente de meia-idade e um pistoleiro juntam forças para resgatar uma garota sequestrada por uma tribo de canibais, acompanhados pelo marido da vítima – que está com uma perna quebrada, mas insiste em participar da expedição. (Filmow)

The Ridiculous Six

Sim, mais uma comédia pastelona que ridiculariza o Velho Oeste e seus clichês. Essa é bem pipoca, afinal é produzida pela Netflix e protagonizada por Adam Sandler. Pode não ser o melhor exemplo de sátira aos filmes de faroeste, nem o melhor filme na carreira de Sandler, mas é um bom filme e mostra como a nova geração de criadores vem lidando com o gênero. E é um bom termômetro para o público também, porque a recepção junto ao audiência foi no mínimo divisiva. Além disso, outro fato interessante é que o título é uma referência ao clássico do western “The Magnificent Seven” (Os Sete Magníficos em tradução literal, mas que no Brasil ganhou o título de Sete Homens e um Destino“).

Ano de produção: 2015
Direção: Frank Coraci
Sinopse: Para resgatar seu pai fora da lei, Tommy “Faca Branca” Stockburn parte em uma jornada através do velho oeste com cinco irmãos que ele nem sabia que existiam. (Netflix)

Sete Homens e um Destino (The Magnificent Seven)

Remake do filme de 1960, que por sua vez é uma releitura do filme de Kurosawa dos anos 50. Ou seja, Hollywood em sua essência. Mas, claro que essa releitura vem envelopada numa nova roupagem que os novos tempos pedem. O protagonista, por exemplo, é um homem negro, vivido magistralmente pelo excelente ator Denzel Washington. Além disso, a figura feminina, no caso Emma (Haley Bennett), ganha protagonismo, ao ser a personagem que busca por vingança. Isso sem falar no elenco mais diverso.

Em suma, é uma remake que atualiza o gênero para os novos tempos, sem se atrever a mexer muito na estrutura clássica. Mas há também quem diga que é melhor que a obra original, o western no caso, não o filme de samurai do Kurosawa.

Ano de produção: 2015
Direção: Frank Coraci
Sinopse: Os habitantes de um pequeno vilarejo sofrem com os constantes ataques de um bando de pistoleiros. Revoltada com os saques, Emma Cullen (Haley Bennett) deseja justiça e pede auxílio ao pistoleiro Sam Chisolm (Denzel Washington), que reúne um grupo especialistas para contra-atacar os bandidos.

Godless (minissérie)

O western sempre foi um gênero muito masculino. Embora aqui e acolá surgem exemplos de filmes com protagonistas femininas fortes, essas exceções parecem muito mais comprovar a regra. Contudo em 2017 a Netflix lançou uma minissérie que derruba de uma vez por todas o mito masculino do Velho Oeste.

Com um elenco de mulheres incríveis, atuações excelente e um roteiro de tirar o fôlego, a produção mostra que as mulheres vieram para dominar o western e que o gênero nunca mais será o mesmo.

Ano de produção: 2017
Sinopse: Um bandido implacável aterroriza o oeste à procura de um desertor de seu bando que encontrou uma nova vida em uma cidadezinha habitada apenas por mulheres. (Netflix)

A Balada de Buster Scruggs (The Ballad of Buster Scruggs)

O terceiro western dos irmãos Coen vem em forma de comédia com “A Balada de Buster Scruggs“. Afinal, eles já inverteram tanto a estrutura do gênero que só restava fazer piada dele. O filme é uma antologia, isto é, uma coletânea de histórias aparentemente desconexas sobre a vida do protagonista Buster Scruggs (Tim Blake Nelson). Talvez não seja a obra prima dos diretores, nem do gênero, mas é um bom filme para entender a história dos filmes de faroeste na contemporaneidade. Contudo, talvez o filme seja mais conhecido por ser a origem do meme “First Time?”. Tempos difíceis para o cinema mundial.

Ano de produção: 2018
Direção: Ethan Coen e Joel Coen
Sinopse: Os aclamados irmãos Joel e Ethan Coen idealizam uma antologia faroeste em seis segmentos focada na fronteira americana. Acompanhando pistoleiros cantores, colonizadores, mineiros, homens condenados à forca, caçadores de recompensa e todo tipo de personalidade do Velho Oeste, estes seis contos curtos vão da mais profunda reflexão até o mais completo absurdo. (Adoro Cinema)

Relatos do Mundo (News of the World)

Muito realizadores fizeram seus filme de faroeste para debater questões do seu tempo. Portanto, não é de se estranhar que Paul Greengrass escolha justamente esse gênero para debater a divisão política da sociedade ocidental atual. “Relatos do Mundo” é uma adaptação do romance homônimo da escritora Paulette Jiles.

Além disso, o filme conta com uma característica peculiar. O filme não é sobre grandes feitos, na verdade o personagem principal está longe do estereótipo do “gatilho mais rápido do oeste”. Na trama Tom Hanks é um veterano de guerra que ganha a vida indo de cidade em cidade para ler as notícias. Afinal, no Velho Oeste as notícias chegavam na velocidade de um homem a cavalo. Mas aí é que reside o grande trunfo do filme. Pois, num gênero marcado lendas e histórias mitológicas, às vezes é legal acompanhar a história de um homem simples, cujo único objetivo e ajudar uma garotinha órfã a encontrar um novo lar.

Ano de produção: 2020
Direção: Paul Greengrass
Sinopse: Um veterano de guerra que viaja de cidade em cidade lendo as notícias faz uma perigosa viagem pelo Texas para levar uma garotinha órfã até seu novo lar. (Netflix)

Ataque dos Cães (The Power of the Dog)

Ataque dos Cães” é mais um western que usa do Velho Oeste para debater questões do presente, como o machismo e sexismo. Contudo, o longa consegue ainda provocar reflexões profundas acerca do próprio gênero. Afinal, o protagonista é o típico macho alfa redpill, que comprova que o afeto de homens e destino apenas a homens. Nesse sentido, não há nada mais homoafetivo do que um bom filme de faroeste.

Não ironicamente foi preciso uma mulher para se fazer uma crítica tão sagaz e tão sincera aos estereótipos do Velho Oeste. Não que esse teor não tivesse sido questionado antes, o próprio “O Segredo de Brokeback Mountain” já trata do tema. Mas colocar assuntos tão delicados de maneira tão honesta diretamente no Velho Oeste foi uma jogada brilhante da diretora Jane Campion. Enfim, o Velho Oeste nunca mais será o mesmo, tanto na historiografia quanto nos cinemas, não importa o quanto os reacionários chorem.

Ano de produção: 2020
Direção: Jane Campion
Sinopse: Um fazendeiro durão trava uma guerra de ameaças contra a nova esposa do irmão e seu filho adolescente ― até que antigos segredos vêm à tona. (Netflix)

Vingança e Castigo (The Harder They Fall)

O que acontece se você pegar um filme de western e transformá-lo no melhor do Blaxploitation e ainda por cima adicionar um trilha sonora animal com o melhor da música negra do século XXI? “Vingança e Castigo” da Netflix com Idris Elba é isso que acontece. Um filme fantástico que revitaliza o gênero e o atualiza para os debates do século XXI. Em suma, um filme indispensável.

Ano de produção: 2021
Direção: The Bullitts
Sinopse: Querendo vingança, o bandido Nat Love reúne seu bando para derrotar o impiedoso Rufus Buck, um criminoso que acabou de sair da prisão. (Netflix)

É isso, minha gente! Esse foi a nossa nada singela lista. No começo eu não achei que ia render tanto, mas acredito que esse compilado qualquer um pode ter uma boa base introdutória para um dos gêneros mais prolíferos da história do cinema: o Western.

Boa maratona a quem se aventurar por esse passeio audiovisual no Velho Oeste!

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