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Preacher e o homoerotismo dos homofóbicos

Preacher A Caminho do Texas

Sabe o que é recalque? E como Preacher traz pistas sobre o homoerotismo enrustido de muito homofóbico por aí? Bem, então continue lendo e descubra.

Garth Ennis pode não ser uma unanimidade no mundo dos quadrinhos, tendo muitas de suas criação cooptadas por incels e reacionários, não sem justificativa talvez. Mas uma coisa que todos tem de admitir é que Preacher é uma excelente história em quadrinhos.

Preacher

A obra criada por Ennis em parceria com o desenhista Steve Dillon e lançada sob o selo Vertigo é considerada até hoje, e com razão, um das melhores histórias em quadrinhos do selo.

Por mais que a história tenha seus altos e baixos, e o roteiro apresente alguns problemas pontuais, no geral a série se sai bem. Ennis e Dillon conseguem criar um bom faroeste sobrenatural que se passa no sul dos Estados Unidos. A HQ desenvolve bem seus personagens e apresenta uma característica que o jovem contemporâneo aprecia muito, as críticas sociais.

Porém existe um traço em particular que eu gostaria de abordar nesse. Quando Garth Ennis expos toda a hipocrisia do homofóbicos escandalosos.

A Caminho do Texas

Em “A Caminho do Texas“, primeiro arco da série, que foi compilado e publicado em capa dura no Brasil pela Panini, enquanto o núcleo principal composto por Jesse Custer, Tulipa e Cassidy começam sua peregrinação pelo sul dos Estados Unidos, o quadrinistas criam uma side story que acompanha os detetives Paulie Bridges e John Tool. E é nessa história aparentemente paralela que as coisas ficam interessantes.

A princípio John Tool é o típico policial mole, que não tem coragem de sujar as mãos para livrar a cidade da escória bandida. Já o detetive Bridges é o estereótipo do machão. Adora sentar a porrada em vagabundo sem medir as consequências e não zela muito pelo código de ética da polícia. Ou seja, dá pra ter uma noção em que candidato ele votaria se vivesse no Brasil atualmente, tá ok?

O fato é que Paulie é visto como um herói para os policiais e para boa parcela da mídia e da população em geral. Apesar de ser abertamente homofóbico e não prezar pelos direitos humanos.

Personagem a imagem do leitor

É a representação em quadrinhos do nerd reacionário, conservador e incel que vemos muito nos dias de hoje. Esses mesmo que dizem que hoje em dia é tudo mimimi, que adoram zoar gays, mulheres e outras minorias nos fóruns de internet e nas partidas online.

Geralmente esse comportamento está ligado a homofobia, como no caso de Paulie Bridges. Contudo o detetive de Preacher esconde é que na verdade ele é um homossexual enrustido e realiza orgias masoquistas secretas. Sim! Bem simbólico e bem representativo.

O que eu quero dizer com isso não é que todo homofóbico é um homossexual enrustido. Mas na maioria das vezes em que uma pessoas, geralmente homem, precisa ficar reforçando sua heterossexulidade e constantemente destila ódio com sexualidades que escapam da heteronormatividade, esse comportamento esconde um desejo reprimido. Algo que Freud explica.

E é interessante notar que Preacher, uma obra que foi apropriada por esses grupos recheados de reacionários e incels, consegue fazer troça de um traço tão característico desses mesmos grupos. Mas aí quem sabe eles não leem apenas as figuras e as cenas de ação. Talvez por isso repitam tanto o discurso raso e vazio do Justiceiro.

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