Bojack e The Boys são séries que aparentemente não possuem nada em comum. Mas, ambas demonstram como Hollywood se apropria de assuntos sérios.
Bojack Horseman animação da Netflix sobre o cavalo mais politicamente incorreto de Hollywoo encerrou suas atividades em janeiro desse ano, com a sexta temporada estreando no serviço de streaming. Já The Boys, série da Amazon Prime Video que acompanha os supers nem tão heroicos assim, continua fazendo sucesso entre os fãs com os episódios da segunda temporada indo ao ar todas as sextas-feiras.
Aparentemente as duas séries não tem nada em comum, sendo ainda por cima de serviços concorrentes. Porém tanto a animação quanto a série live action baseada nos quadrinhos de Garth Ennis e Darick Robertson compartilham traços em comum.
O principal deles é apresentar críticas sociais foda. Que é exatamente o que o jovem quer hoje em dia, uma série com aspectos técnicos bons e roteiro críticas sociais.
Uma das críticas que mais chamam a atenção em ambas as atrações é ao modo como Hollywood e a indústria do entretenimento de modo geral se apropriam de temas pesados e complexos da realidade e trabalham esses mesmos problemas de maneira rasa e superficial, visando o lucro acima de tudo.
Você provavelmente já presenciou isso diversas vezes. Existe um problema real que afeta milhares de pessoas no dia a dia, e existem pessoas debatendo e tentando encontrar uma resposta para esse problema. Então Hollywood vem se apropria disso, constrói um produto pré-moldado, com uma mensagem sem profundidade e de fácil assimilação, e tenta faturar em cima dessa questão social.
Essa fato tende a se repetir constantemente, mudando apenas o assunto em pauta. Mais recentemente o tópico em debate é a representatividade, ou a falta dela. Que é um tema super importante a ser debatido, mas com o respeito e seriedade, não dá maneira como Hollywood faz atualmente.
Vejamos dois exemplos e isso ficará mais claro. Confira o clipe abaixo, na sequência eu lhe darei um pouco de contexto.
Parece absurdo, não é mesmo? É porque é! Aqui a animação da Netflix questiona de maneira até sarcástica o modo como a indústria do entretenimento, em especial Hollywood, se apropria do tema “Depressão”, uma doença delicada, mas que deve ser debatida, e que leva milhares ao suicido todo ano. No entanto, o que Hollywood faz é um desserviço para todos que lutam contra a depressão de maneira séria.
Os produtores e engravatados donos do dinheiro, escolhem uma figura carismática e produzem uma caricatura da realidade com uma mensagem na maioria das vezes mais atrapalha do que ajuda.
Agora vejamos The Boys.
Nesse trecho específico dois homens profissionais de marketing tentam explicar para a Rainha Maeve, uma super heroína que foi arrancada do armário pelo Capitão Pátria (aquele filho da p*ta!), como ser uma lésbica aceitável. Afinal você pode até ser lésbica, desde que seja dentro dos padrões pré-estabelecidos. Que baita representatividade, hein!
Isso sem falar no fato de que Maeve é na verdade bissexual, mas vamos esquecer isso, né. Até porque como disse a mocinha ali no clipe: “lésbica é mais fácil de vender!“
Enfim, esses são só dois exemplos de porque essas séries são duas das melhores da atualidade. E esses exemplo ajudam a iluminar o modo como Hollywood se apropria de assuntos sérios e lida com problemas pesados demais para se encaixar nas fórmulas prontas de seus filmes e série. Afinal o dinheiro manda!
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