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Animação é coisa de Criança?

Animação é coisa de Criança?

Eu fico meio indignado com quem diz que animação é coisa de criança. Desenhinho, eles chamam. Eu discordo completamente.

Desde sempre você tem animações tratando de temas polêmicos, algumas são um tanto pesadas, mas mesmo as focadas no público mais novo trazem consigo temas e conceitos nada infantis. Seja num conceito abordado, seja numa piadinha que você só entendeu depois que cresceu, essas coisas estão lá. Portanto, nada a ver dizer que animação é coisa de coisa de criança.

Porém foi nos anos noventa, com o advento da família amarela mais surtada da televisão, que começaram a ser produzidas em larga escala as ditas animações adultas. E na metade dessa mesma década, um estúdio pequeno de um cara inovador apenas um pouco inovador (você pode conhecê-lo como Steve Jobs) revolucionou o ramo dos desenhos animados. É claro que eu estou falando da Pìxar. Em 1995 o estúdio lança Toy Story e, bem, o resto é história.

Mas Simpsons e Toy Story são duas formas bem diferentes de contar histórias nada infantis usando animação, e essas duas formas embasam minha teoria sobre os desenhos animados.

Eu sei que ninguém perguntou, mas vou explicar essa teoria maluca mesmo assim.

Animações Puramente Adultas


Você já deve saber do que eu estou falando. Lá pelo final da década de 80, um tiozinho chamado Matt Groening decidiu lançar uma animação nada convencional sobre uma típica família estadunidense, com uma única diferença, quase todo mundo nesse universo era amarelo. Sim, eu estou falando de Os Simpsons.

A animação tratava de temas polêmicos, como o consumo exagerado de álcool, os problemas familiares, o consumismo, e fazia uma crítica pesada, mas muito bem humorada da sociedade norte americana. Fazendo inclusive uma crítica a própria televisão, que ironia.

A revolução iniciada por Groening logo surtiu efeito e, na década seguinte, a programação dos canais de TV estava recheada dessas animações mais adultas, como Family Guy, com seu humor ácido e usando de uma violência exagerada, é um bom exemplo. Chegando a casos extremos como South Park, que eu prefiro não comentar, você tire suas próprias conclusões.

E não parou por aí. Essas animações abriram portas para outros projetos bem mais adultos. Posso citar casos contemporâneos como Bojack Horseman, que tem uma pegada mais existencialista e debate sobre o sentido da vida, a busca por felicidade. Rick e Morty e seus infinitos universos e seu niilismo característicos.

Diante disso só posso dizer, obrigado Matt Groening!

Labels, ou Camadas.



Sim Shrek, nós entendemos e as cebolas são uma ótima metáfora não só para os ogros, mas para esse conceito também.

O que quero dizer com isso é o fato de que dentro da animação – seja longa metragem, curta ou qualquer outro formato – os roteiristas e diretores inserem várias “Camadas” mesmo. Da mais superficial que é a história que vemos sendo desenrolada na tela (os brinquedos se perderam e precisam voltar pra casa, uma família de super heróis decide voltar a ação mesmo que seja proibido por lei), até algumas extremamente complexas (o luto de um senhor que perdeu sua esposa).

E pra mim essas camadas servem para atrair os diversos públicos que podem consumir esses filmes. Por exemplo, as crianças se divertem com a história de Up! As cores, a aventura, a ação, os cachorros falantes. Os pais que levam seus filhos ao cinema se entretém com a história de amor entre Ellie e Carl. Os mais cinéfilos se admiram com a qualidade da animação. Sem falar nos conceitos teórico-filosóficos presentes na obra que possibilitam muitas reflexões. Enfim, várias camadas.

Citei a Pixar, pois é o exemplo paradigmático disso, entretanto muitas animações contemporâneas também fazem uso dessa técnica. Posso citar Hora de Aventura (Adventure Time), afinal por trás de uma história bobinha traz conceitos muito interessantes e uma história psicodélica ao extremo, sério essa guerra de Cogumelos fundiu minha cuca. Além deste tem também o desenho O Incrivel Mundo de Gumball, que com episódio viajados demais consegue trabalhar conceitos sociais, filosóficos e políticos.

Veja também: InduTalk #02 – Animações, Existencialismo e Niilismo

Enfim, eu escrevi tudo isso, simplesmente para te dizer que animação não é coisa de criança necessariamente. E isso que eu só levei em consideração os desenhos ocidentais, não cheguei a mencionar as animações orientais, os famosos animes.

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