Um refresco para os fãs de quadrinhos que querem ir além de Marvel e DC. Pois, nesse artigo, vamos te apresentar o universo de O Legado de Júpiter.
Se você é um leitor assíduo do nosso site já deve conhecer a nossa série (que conta apenas com um post) sobre séries de quadrinhos que vão além do mainstream. Além de Marvel e DC busca levar ao conhecimento do público Hqs que talvez não sejam tão famosas.
Então, dessa vez trazemos para vocês uma série que questiona o status quo dos super heróis. O Legado de Júpiter é uma parceria entre Mark Millar, roterista de Kick Ass e Kingsman, e Frank Quitely, ilustrador de All Star Superman.
O Legado de Júpiter
O que aconteceria se os super heróis se cansassem de lutar e resolvessem assumir o controle político dos Estados Unidos? Essa é a premissa da história, que Millar chegou a dizer que seria sua “história de super-heróis definitiva.”
A trama se baseia em uma luta de gerações, onde os super heróis mais velhos ainda acreditam no velho ideal americano, lutando por aqueles que não podem lutar por si mesmos, enquanto que as novas gerações de heróis já não aceitam mais essa vida, preferindo contratos publicitários e vidas fúteis e vazias de baladas, drogas e sexo sem significado.
Mas mais do que um trama shakespeariana, com referências a Hamlet, a história mostra um embate entre ideologias, do novo e do velho, do conservador e do progressista. Tornando o enredo muito mais verossímil.
Isso tudo no macro, mas a história saber ser intimista. Basicamente vemos a disputa familiar, mas com a diferença de que essa família possui super poderes.
Enredo
O enredo se divide em duas frentes, o passado, mais precisamento 1932, onde conhecemos a origem dos primeiros super herói, como o Utópico, suas ideias deveras utópicas, sua tendência para salvar o estilo de vida americano. E o presente, os anos 2010, com os filhos dos primeiros heróis vivendo uma vida fútil e vazia.
Os retratos de época são fatores que tornam a história ainda mais. Na primeira metade da história o roteiro nos mostra o impacto da Grande Depressão de 1929 na vida do cidadão comum. Já a atualidade representa o impacto do consumismo e da globalização nas economias mundiais.
Tanto que Brainwave, irmão de Utópico, sugere insistentemente que os heróis interfiram na política e na economia dos Estados Unidos, algo que ele considera mais efetivo do que simplesmente salvar cidadãos indefesos. Mas, claro que a ideia é rechaçada pelo irmão mais velho. O que instaura então um racha na família super poderosa, que terá impacto no mundo todo.
A HQ traça paralelos quase que explícitos com grandes títulos que definiram o gênero de super herói nos quadrinhos. Utópico é praticamente o Superman desse universo, já seus filhos são meio que os supers de The Boys. As referência à Watchmen, Reino do Amanhã, o próprio The Boys e, por que não, Cavaleiro das Trevas (de Frank Miller) também estão presentes, o leitor mais antenado pode captá-las facilmente. Além é claro dos conceitos filosóficos, políticos, psicológicos e críticas sociais que gritam a cada página virada.
A arte de Frank Quitely também é bem consistente. Há momentos em que ela brilha e torna a HQ uma obra prima.
HQ independente
Essa é mais uma prova da força das HQ’s independentes e de como o mercado autoral merece uma atenção maior do público em geral. A história é tão boa, mas tão boa, que vai ganhar uma adaptação em formato de série pela Netflix. Agora eu vi vantagem!
Em suma, esse textão todo foi para tentar te convencer a ler essa belíssima obra de arte do século XXI. Eu poderia continuar por página e páginas, mas você só terá a experiência completa se ler essa belezua de história, e eu lhe garanto que valerá a pena.
O Legado de Júpiter é uma parceria entre Millar, Quitely e a editora americana Image Comics. No Brasil a série foi lançada em dois encadernados pela Panini.
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