Site icon InduTalks

A metalinguagem dos memes

A palavra meme vem do grego e significa “imitação”. O termo foi cunhado muito antes da internet, pelo biólogo e etólogo Richard Dawkins na década de 1970, em seu livro “O Gene Egoísta”. De lá pra cá a palavra evolui e gerou até metalinguagem dos memes.

Para ele as ideias e comportamentos humanos nada mais são do produtos da evolução genética, e assim como na evolução das espécies, sobrevive a ideia que conseguir vencer as provações e se perpetuar nas futuras gerações. Isso acontece porque nós seres humanos temos a tendência a imitarmos uns aos outros, uma prova disso são as tribos urbanas, os diferentes iguais, que trazem a confortável sensação de pertencimento e exclusividade.

Segundo o autor qualquer coisa pode ser um meme, por exemplo, deus (qualquer um e todos eles), religião, ideologias, uma informação, a música “parabéns pra você“. Basta que possua uma reprodutibilidade fácil.

Porém como a linguagem é uma das ferramentas humanas mais voláteis, o conceito passou por uma transformação radical, principalmente com o advento da internet e das redes sociais. Nesse espaço virtual o meme se tornou uma nova forma de comunicação, quase que um estilo textual inédito.

Memes na internet

O meme online junta imagens, podendo ser estáticas ou em movimento (GIF ou vídeo) com um texto curto e que, apesar da pouca quantidade textual, possui uma grande carga conceitual. E é justamente aí que reside a causa de tamanha popularidade, uma vez que é um texto de fácil absorção e muito significado para o leitor.

Noronhe-se

Mas aqui eu gostaria de chamar a atenção para um meme em específico. Trata-se do meme, antigo até, de Bruna Marquezine. Na verdade a atriz postou uma foto despretensiosa de sua estadia em Fernando de Noronha, porém o que chamou a atenção dos usuários foi a legenda da foto. Em uma tentativa de inovar e ser contemplativa, a moça soltou o neologismo “Noronhe-se”.

É claro que a internet não perdoou e a piada caiu na boca do povo. A foto ganhou várias réplicas, tornando-se um meme de fato.

Mas, qual o meu ponto? Você pode estar se perguntando. Bem, eu queria agora mostrar a força que esse fenômeno da memetização tem na vida das pessoas mesmo fora da internet. Para isso trago um caso de metalinguagem envolvendo memes.

A metalinguagem dos memes

Parece muita doidera? Mas não é, eu garanto. Pode até ser mais normal do que o termo um tanto complexo deixa parecer. Confira a imagem abaixo, depois eu lhes explico meu ponto.

Parece um exemplo bem bobinho. Mas isso é a essência da metalinguagem transportada para um cenário extremamente contemporâneo e inovador. Esse tweet viralizou na internet, tanto que eu não conheço a autora, cheguei ao post graças ao compartilhamento de amigos nas redes sociais. Ou seja, foi muito compartilhado (reproduzido), logo se tornou um meme.

Acontece que esse meme de Aracaju-Se, fala justamente do meme da Bruna Marquenizine. E é exatamente isso que é metalinguagem. Metalinguagem é quando utilizamos uma linguagem para descrever esse mesma linguagem, um código que explica ele mesmo. Exemplificando fica mais fácil.

Um filme sobre fazer filmes, como é o caso de Crepúsculo dos Deuses (Sunset Boulevard) ou Nasce uma Estrelas. Ou uma redação que explica como escrever boas redações. Tudo isso são metalinguagens. E o meme de Aracaju-Se é justamente isso, um meme falando sobre o poder dos memes.

Do virtual para o real

Além disso, ele evidencia ainda outro fenômeno muito interessante. Como a cultura cibernética ver moldando nossa percepção “offline”. Há alguns anos atrás o cinzeiro, seria um simples cinzeiro com o nome da capital de Sergipe talhado em sua lateral. Mas hoje, para o jovem urbano brasileiro é quase que impossível ver o sulfixo “-SE” e não lembrar de Bruna Marquezine ou Fernando de Noronha.

Isso porque nossa mente está condicionada a buscar por esses estímulos que observamos na internet e transportá-los à “vida real”. Fazemos isso em roda de amigos, sozinhos, com a família, e nas diversas áreas de nossas vidas. Há quem diga que é um caminho sem volta e que a tendência é que a linha que separa o online do offline fica cada vez menos nítida.

Chegamos ao final dessa aventura textual um tanto psicodélica e talvez você ainda se pergunte qual a razão de existir desse post. Bom, de fato eu não si. Pode ser uma boa referência para o seu trabalho de Português, ou uma citação na redação do ENEM. Mas o fato é que um conteúdo assim tão aleatório você não encontra em nenhum outro lugar nessa internet sem porteira a não ser aqui, no InduTalks.

Então fique ligado aqui no site e não perca mais nenhum conteúdo exclusivo.

Exit mobile version