1986 foi o ano que definitivamente revolucionou as histórias em quadrinhos para sempre. Quer saber por quê? A gente explica!
Alan Moore, Frank Miller e Art Spiegelman. Seja você um fã assíduo de quadrinhos ou um apreciador casual dessa mídia, com certeza já ouviu falar desses três nomes. Isso porque os três são verdadeiras lendas da nona arte.
Não apenas por criarem graphic novels que entrariam para a história, mas justamente por revolucionarem a história das histórias em quadrinhos.
Nesse sentido o ano 1986 é fundamental para entendermos a revolução que esses três autores causaram no cenário mundial de quadrinhos.
Contexto Histórico
Para entendermos o impacto desse ano nas HQs precisamos voltar um pouco no tempo e entender o que estava sendo feito até então.
Até meados da década de 70 as histórias em quadrinhos estadunidenses eram bem burras e contavam com tramas bem rasas e igualmente burras. A mídia já não possuía o mesmo prestígio da Era de Ouro e a maioria das histórias era descartáveis.
Isso porque a imperava o Comics Code Authority. Não temos tempo de entrar em detalhes aqui, mas falamos sobre isso no nosso episódio especial do InduTalks, A História das Histórias em Quadrinhos – Parte 01.
Essa censura desembocou em histórias toscas, o que culminou na série de 66 do Batman, com Adam West no papel de Bruce Wayne/Batman.
As coisas só começaram a melhor mesmo nos anos 70 com Neal Adams e Kevin O’Neal devolvendo ao Cruzado Encapuzado seu ao sombrio de início de carreira dos anos 1940.
E então no início dos anos 80 veio Alan Moore e as coisas nunca mais foram as mesmas.
1986: o ano que revolucionou os quadrinhos
O ano de 1986 foi essencial e revolucionou os quadrinhos. É nesse ano que Frank Miller lança sua graphic novel “O Cavaleiro das Trevas”, na qual o autor reimagina o Batman em futuro alternativo. E, por mais que se trate de uma realidade paralela, muitos fãs enxergam nessa história a versão oficial do herói.
É nesse ano também que Alan Moore ao lado de Dave Gibbons lança Watchmen, obra seminal que desconstrói o arquétipo de super herói dos quadrinhos estadunidenses, além de lançar sérios questionamentos e duras críticas ao american way of life.
Por fim, é em 1986 que Art Spiegelman lança Maus, primeira HQ a ganhar um prêmio Pulitzer. Obra seminal dos quadrinhos underground que trata sobre a Segunda Guerra Mundial de maneira sensível e humana.
Essas histórias com tramas e temáticas tão diferentes provaram que histórias em quadrinhos não precisam ser burras. Elas podem conter temas complexos, humanos e filosóficos, que nos fazem refletir e até nos emocionam.
Sem dúvidas essas histórias quebraram o mito de que quadrinhos são coisas de crianças. Tanto é que Karen Berger, famosa editora da DC, relatou ao canal Syfy que essas obras foram fundamentais para a criação do selo Vertigo.
Essas obras desconstroem o mito do herói americano perfeito e reinventam o modo de se fazer histórias em quadrinhos. Seu impacto é sentido até os dias de hoje. Não é exagero dizer que foram responsáveis pela popularização das graphic novels e pela elevação do status dos quadrinhos para nona arte.
Sem elas muito provavelmente os quadrinhos seriam bem diferentes de como são atualmente. Uma pena que muitos autores levaram essa desconstrução muito literalmente e caímos na década de 90, com heróis musculosos, mulheres hiper sexualizadas e histórias rasas recheadas de violência gratuita.
Mas isso é um papo para outra hora.