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Ordem Cronológica do Universo de Monstros da Universal – Parte 2

Universo Compartilhado de Monstros da Universal Pictures

Então você acha que é só a Marvel tem Universo Compartilhado nos cinemas? Achou errado otário! Muito antes de Kevin Feige sonhar em criar uma série de filmes e séries conectados, a Universal Pictures já fazia sucesso com esse conceito. Portanto, confira a segunda parte da nossa Ordem Cronológica do Universal Monsters.

Criando um universo compartilhado de monstros baseados em criaturas sinistras da literatura internacional, que ficou conhecido como Universal Monsters, ou Universo de Monstros da Universal. O universo durou décadas e rendeu dezenas de filmes em preto e branco que se tornaram verdadeiros clássicos do terror. Portanto, pode ser difícil entender a Ordem Cronológica desse Universal Monsters.

Universal Monsters em Ordem Cronológica

Já falamos sobre a Fase 01“, os Dourados Anos 30. Com os primeiros filmes de monstro construindo esse universo compartilhado. Agora chegou a hora de falar da próxima etapa na construção dessa franquia.

A expansão do universo de monstros se deu nos anos quarenta e já vamos logo avisando, espere muitas continuações. Mas, sem mais delongas vamos para a segunda parte do guia com a Ordem Cronológica do Universal Monsters,

A VOLTA DO HOMEM INVISÍVEL (1940)

Parece mais uma mistura de thriller policial com filme noir do que um terror propriamente dito. Aqui o destaque fica novamente para os efeitos especiais, que mesmo datados são muito bons.

A trama parece mais querer se aproveitar do sucesso do primeiro filme. Propondo que o irmão do primeiro Homem Invisível consiga a fórmula da invisibilidade e ajude seu amigo Geoffrey Radcliffe a escapar da prisão e limpar seu nome, pois foi acusado e preso por um crime que não cometeu.

O enredo é arrastado e cai nos mesmos clichês narrativos que a maioria dos filmes clássicos dessa época. Porém o final contém ação suficiente para agarrar o espectador, pena que isso só aconteça no final.

Com uma trama rasa e personagens com construções capengas esse filme serve mais pela questão técnica do que por qualquer outro assunto. Mesmo assim vale a pena assistir para se entender a evolução técnica e visual desse universo.

A MÃO DA MÚMIA (1940)

Esse filme não tem nada a ver com o primeiro longa da série de filmes da Múmia. Com elenco e equipe técnica diferentes do original, essa produção seria mais uma releitura da história, apesar de utilizar algumas cenas de “A Múmia” de 1932.

Aqui somos apresentados a múmia de Kharis, monstro que é vivido por Tom Tyler, que é mantido vivo por uma linhagem de sacerdotes egípcios. O filme então dispende a maior parte do seu tempo para a construção do setup narrativo, com isso a múmia ganha pouco tempo de tela, e o horror e suspense do gênero acabam relegados a elementos de segundo plano.

Apesar de gastar muito tempo na construção da expedição arqueológica, nem isso é bem construído com cenas que parecem falsas até mesmo para leigos dessa ciência.

Contudo o grande ponto alto talvez seja a caracterização do monstrengo enfaixado, que mesmo sem Jack Pierce no comando e com a atuação limitada de Tyler – que não se compara ao desempenho de Boris Karloff – se sai muito bem. Tanto que nos momentos que é bem explorado o monstro mete medo. Uma pena que sejam tão poucos.

Vale a pena por fazer parte do universo, e o filme tem seus momentos, além de que o próximo filme da Múmia é uma continuação direta desse.

A MULHER INVISÍVEL (1940)

Mais um longa que quebra os padrões dos filmes de terror desse universo compartilhado. Aqui temos um claro filme de comédia.

No começo da década de 1940 a Universal decidiu apostar alto e trazer um novo conceito pra seu universo de monstros. Com isso surgiu a ideia de fazer um filme com uma mulher protagonista, e que melhor escolha do que usar a fórmula do Dr. Griffin para tornar uma mulher invisível.

Trazer uma mulher protagonista e que não fosse uma bruxa velha má ou uma mocinha indefesa era um avanço para a época e podia revolucionar o papel feminino em Hollywood e em todo o imaginário popular da sociedade. Porém os avanços param aí.

Novamente a trama apressada cai nos mesmos velhos clichês. Muitos apontam também que a direção masculina de A. Edward Sutherland esconde certo fetichismo em suas escolhas de enquadramento e efeitos visuais, que buscam muito mais salientar as curvas de Virginia Bruce, a protagonista transparente, do que realmente avançar a história.

A trama também não tem relação alguma com os primeiros dois filmes. Apresentando o Professor Gibbs (John Barrymore), um cientista excêntrico que inventou a máquina da invisibilidade. Descaracterizando totalmente a história de H G Wells.

Em suma, o filme é um diversão despretenciosa, que ganha alguns pontos por trazer uma protagonista mulher, mas acaba sendo mais um produto do seu tempo.

Veja também: InduTalk #37 | Especial Halloween: O Expressionismo Alemão e o Universo de Monstros da Universal – YouTube

O LOBISOMEM (1941)

Esqueça o filme 1936, estamos falando do Lobisomem oficial do Universal Monsters.

O filme mistura debates científicos, como a licantropia, com crendices populares muito presentes na Europa. Cria-se assim uma verdadeira mitologia para o lobisomem, mitologia muito explorada nas diversas artes.

Junte a isso a belíssima direção de arte e design de produção, que criam verdadeiras ambientações góticas e cenas noturnas dignas do expressionismo.  Outro fator a ser considerado é o brilhante trabalho de Jack Pierce, que cria uma maquiagem ao mesmo tempo realista e fantástica para a criatura principal. A caracterização do homem lobo levava pelo menos seis horas para ficar pronta, um trabalho que o público não tinha noção quando assistia ao brilhantes frames de transformação na tela.

Além disso, algumas atuações são um ponto alto. A principal sendo a de Lon Chaney Jr. Os mais atentos já se ligaram que se trata do filho de Lon Chaney, astro do cinema mudo e estrala de “O Corcunda de Notre Dame” e “O Fantasma da Ópera”, que já citamos no post anterior. E o filho não fica a sombra do pai, com seu talento próprio o ator é lançado ao estrelato com esse filme.

Em suma é um clássico não só do universo de monstros, mas do cinema como um todo. Tanto que o lobisomem seria muito utilizado nas sequências e spin-offs que viriam.

O FANTASMA DE FRANKENSTEIN (1942)

Mais uma continuação, afinal ganhar dinheiro esgotando uma franquia sempre foi um fetiche dos produtores de Hollywood.

Com isso a Universal decide continuar a história da “Criatura de Frankenstein“. Porém o ator Boris Karloff não embarcou nessa, por achar que já tinha feito o que gostaria com o personagem, e por não gostar dos rumos que a franquia estava tomando nos cinemas. Portanto o papel principal acaba indo para Lon Chaney Jr, sim o próprio Lobisomem.

O roteiro é preguiçoso e parece mais uma sequência desnecessária, usando artifícios narrativos muito semelhantes aos primeiros filmes, porém sem o mesmo impacto. A direção de Erle C. Keaton também não propõe nada novo.

O filme mantém toda a ambientação conhecida da franquia Frankesntein, porém a trama arrastada não ajuda muito e o filme acaba se perdendo. Nem as atuações de Chaney, ou de Bela Lugosi, que reprisa seu papel como Ygor, conseguem elevar a qualidade do filme. Que encera com um plot twist absurdo e com os mesmos recursos apresados dos filmes anteriores. A fórmula começa a dar sinais de desgaste e o filme não decola.

A TUMBA DA MÚMIA (1942)

Outra continuação direta. “A Tumba da Múmia” traz Stephen Banning (Dick Foran), personagem principal do primeiro filme, agora muito mais velho, contando a seu filho como encontrou e destruiu a múmia de Kharis. Contando inclusive com cenas do filme anterior, “A Mão da Múmia”.

A sequência então engrena com a Múmia novamente viva, agora comandada por outro mestre, com um novo objetivo. Vingar-se dos forasteiros que profanaram a tumba do morto-vivo. Mas tudo é muito arrastado e mal explicado a partir daí.

O filme é uma cacofonia de cenas costuradas de maneira confusa. Algumas de nada avançam a história, sendo um desperdício de tempo. Talvez porque o roteiro é muito fraco.

Nem a atuação de Lon Chaney Jr, que agora pode dizer que interpretou todos os monstros da Universal até esse momento, ou a caracterização, que parece melhor que o primeiro longa, salvam o filme do desastre completo.

Essa produção acaba amargando o posto de mais uma continuação caça-níquel, que até expande o Universo, mas de maneira bem ruim.

Leia também: Como o Expressionismo Alemão foi cooptado por Hollywood para a criação do cinema de terror

O AGENTE INVISÍVEL (1942)

Nem o Universal Monsters escapou de ser usado como plataforma ideológica para os EUA. Isso porque esse filme foi produzido e lançado durante a Segunda Guerra Mundial e acabou sendo mais um panfleto político para o american-way do que qualquer outra coisa.

O filme abre com espiões alemães invadindo uma loja nos EUA que pertence a Griffin Junior (Jon Hall), sim o Homem Invisível original teve irmão e possivelmente um filho – possivelmente, pois não fica claro Griffin de outro filme é seu pai.

Os alemães querem a fórmula da invisibilidade, mas Griffin resiste e foge heroicamente. A princípio ele se recusa em ceder a fórmula para o governo americano, porém após o ataque de Peal Harbor isso se torna uma questão patriota.

Mas o filme não se assume nem como uma produção de espionagem, nem de horror, alternando certas tensões com momentos de humor exagerado. Nem mesmo os efeitos especiais, marca dessa franquia, conseguem se sobressair. Porque são aparecem de maneira caricata para criar situações que no fim são apenas ridículas.

Isso sem falar na trama rasa e no roteiro que não consegue criar situações de perigo real e é recheado de saídas fáceis.

FRANKENSTEIN ENCONTRA O LOBISOMEM (1943)

Reza a lenda que o roteirista de “O Lobisomem” (1941), Curt Siodmak, estava em busca de dinheiro para poder trocar de carro. Então, durante um almoço com o produtor George Waggner, ele brincou sugerindo um título para o próximo filme de monstros da Universal, “Frankenstein Wolfs The Meat Man“, corrigindo em seguida para “Frankenstein Meets the Wolf Man“. E Wagnner chamou Siodmak em seu escritório e disse “Vai em frente. Compre seu carro!” E assim surgiu esse filme.

Mas o fato é que o filme parece ter duas metades, uma que apresenta uma continuação para “O Lobisomem” de 41, e outra que faz a ligação com a “Criatura de Frankenstein“, que possui bem menos tempo de tela do que o homem-lobo.

E é justamente nessa tentativa de equilibrar as duas histórias que o longa se perde. Na primeira metade funciona como um horror dramático sobre um homem amaldiçoado em busca da morte. Porém a partir do momento em que as histórias se cruzam essa trama se perde em divagações pseudofilosóficas sobre a loucura e debates mais ou menos científicos.

Uma curiosidade é que Bela Lugosi, o Drácula, interpreta o “Monstro de Frankenstein” nesse filme. E isso gera momentos bem engraçados com jogos de câmera diferenciados, visto que Chaney era bem mais alto que Lugosi, mas no Universo Compartilhado a criatura era o monstro mais alto de todos.

No fim esse filme acaba sendo mais divertido para os fãs desse universo de monstros, visto que seu ponto alto é no finalzinho, quando as duas criaturas são postas para brigar.

Ufa! E essas não são nem todos os filmes dos anos 40, mas vamos ficando por aqui para esse post não ficar tão enorme. Mas, aguarde cenas dos próximos capítulos onde encerraremos essa fase da Ordem Cronológica do Universal Monsters.

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