Desde que eu comecei a me enveredar pelo caminho da “cinefilia”, há quase dez anos, eu ouço uma frase recorrente entre críticos, especialistas e youtubers: “Hollywood está sem ideias.” E hoje eu vejo que esse pessoal pseudo-crítico está certo em grande medida. Afinal, tem muito remake em Hollywood.
Não digo que não existem histórias inovadoras e cativantes, pelo contrário, no entanto elas estão perdidas no meio de remakes, continuações, universos compartilhados. Está tão difícil achar uma boa história original que os filmes que se propõem a isso acabam sendo esquecidos e afundam no mar de mediocridade hollywoodiana.
Tem muito remake em Hollywood
Claro que hoje em dia é praticamente impossível pensar numa ideia original, num plot nunca utilizado, num roteiro inédito. Porque todos os filmes se enquadram em algum arquétipo que já vem sendo explorado não só no cinema, mas na literatura. E também porque todo filme utiliza elementos de outras produções.
Vale ressaltar que quando o uso do termo “mediocridade” não tem intenção pejorativas ou o intuito de difamar nenhum filme ou estúdio. Uso o conceito para me referir a produções que não conseguem ou não se propõem a sair da média, da zona de conforto, e entregam obras por vezes bem feitas, mas que poderiam se muito melhores.
Walt Disney
Mas parece que, se antes a mediocridade era disfarçada hoje ela é celebrada. Peguemos a Walt Disney como exemplo paradigmático (sim eu adoro falar mal da companhia do rato).
A empresa começou com uma proposta revolucionária e se consolidou realizando produções tão grandiosas quanto desafiadoras. Branca de Neve e os Sete Anões, o primeiro longa-metragem animado, e Fantasia, um épico visual, são dois entre muitos exemplos da audaciosa história do estúdio, que primava pelos detalhes e não poupava esforços para entregar um filme tecnicamente bem feito.
Entretanto ocorre atualmente um fenômeno que eu não sei explicar. É como se o estúdio tivesse parado no tempo. Talvez pelos recorrentes flops, talvez pela onda saudosista que tomou os fãs que clamam que antigamente as coisas eram melhores, muitos nem eram nascidos, mas endossam esse coro.
Ou seja, tem muito remake em Hollywood. E isso é chato pra caramba!
Live action?
Fato é que a Disney parece receosa em investir em histórias originais focando seus esforços em franquias já consolidadas (algumas que já até poderiam ter acabado) e live-actions de obras aclamadas.
Só esse ano já tivemos a estreia de Dumbo e teremos ainda Aladdin e Rei Leão, tudo isso até a metade do ano. Sem falar em todos os outros já lançados na última década.
Não me entenda mal, eu estou muito feliz com Rei Leão, o visual está impecável e teremos Timão e Pumba (Hakuna Matata!), porém a história me parece exatamente a mesma, até os takes são iguais. O que me faz questionar a necessidade desse filme, além da óbvia necessidade de suprir um saudosismo vazio.
E esse fenômeno não se resume a Disney, todos os outros estúdios parecem ir pelo mesmo caminho. Sim Warner, eu estou olhando pra você tentar sugar até a última gota do Universo Harry Potter.
Bom, agora não adianta chorar sobre o leite derramado. Os live-action – se é que se pode chamar assim, afinal é tudo CGI – estão prontos e serão lançados, resta torcer para o melhor e esperar que a mediocridade não domine por muito mais tempo as sessões de cinema.
Valdirzera é definitivamente um dos autores do InduTalks. Fez filosofia, mas se formou em Publicidade e Propaganda. Adora quadrinhos, livros, série, filmes e todo tipo de nerdice. É apaixonado por produção audiovisual e sonha em um dia dirigir um longa metragem.