Resenha Crítica – Game of Thrones: “The Bells”

O quinto episódio da oitava temporada e penúltimo episódio de Game of Thrones se chama The Bells, ou Os Sinos em tradução literal, e nós precisamos realmente conversar sobre esse episódio.

O episódio foi tecnicamente bom, acima da média da oitava temporada até, mas teve alguns problemas de roteiro e história. São obviamente escolhas da produção e devemos aguardar o último episódio para conferir o resultado final, mas o fato é que essas decisões dos produtores dividiu a galera na internet, e com razão.

Mas antes confira a Resenha Crítica do episódio anterior, “The Last of the Starks”.

Fotografia boa. Efeitos ok.

Resenha Crítica: "The Bells"

A fotografia sem dúvidas foi o aspecto técnico que mais destacou em “The Bells”. Jogos de câmera e iluminação que favorecem momentos chaves do roteiro, como a luta do Cão de Caça contra seu irmão mais velho, o Montanha. A saturação das cores e a iluminação nesse momento tornaram a cena muito mais grandiosa do que ela é.

Em outros momentos, entretanto, a série falha nesse quesito técnico. Como nas cenas em que Daenerys aparece voando em seu dragão, ou nas cenas da frota de Euron Greyjoy, onde o chroma fica evidente demais. Talvez porque o episódio continha muitos momentos que exigiam o uso de CGI e o budget teve de ser distribuído ao longo dessas cenas, mas o fato é que os efeitos foram regular na maioria das vezes, o que não compromete de todo o episódio.

Tyrion + Varys = Amizade até a morte

Resenha Crítica: "The Bells"

Desde o quarto episódio vemos a treta entre Tyrion e Varys se desenhando. No momento em que eles descobrem que Jon Snow é na verdade Rhaegar Targaryen, cada um escolha um lado para si. O aranha entende que Daenerys se desviou do que propunha ser, uma rainha justa e quebradora de correntes e aos poucos estava se tornando uma tirana. Já o anão ainda acreditava na khaleesi.

Os dois se mobilizaram e o xadrez estava formado. Varys fala com Jon Snow sobre assumir o trono e o rapaz o responde dizendo que era fiel a loira. Realmente um escravoceta. Então Tyrion fura os olhos do parceiro e o cagueta para Daenerys, porém a loira não curte muito o que escuta e chama todo mundo de traidor, Jon, Varys e o próprio Tyrion, que ainda leva uma bela comida de rabo da loira, “Da próxima vez que falhar comigo será a última vez que irá falhar comigo.”

Mas no fim Varys leva a pior e more com dracarys, mas antes Tyrion se despede do amigo.

Aqui vemos alguns problemas, como a desavença entre os dois amigos, e a construção de personagens como Jon Snow e Daenerys. Mas o anão e a aranha seguiram seus cursos lógicos de ação, que até é coerente na construção da série, mas acho que esperava mais de Tyrion, que só viu que a Targaryen não era flor que se cheira quando foi tarde demais. E não adiantou nada eles tocarem os sinos.

Jon Snow e Jaime Lannister, gados demais

Jon Snow e Jaime Lannister, gados demais.

Talvez o ponto que mais incomodou os fãs foram algumas distorções na construção de personagens. É uma reclamação recorrente na oitava e última temporada.

Como é o caso de Jon Snow que vem se mostrando um verdadeiro capacho de Daenerys nesses últimos capítulos. Ainda mais quando Vary joga a real nele e ele prefere seguir Danny de qualquer maneira. E ele só enxerga a verdade quando é tarde demais.

Mas talvez a reviravolta mais chocante tenha sido a de Jaime Lannister. O cavaleiro se juntou à luta no norte contra os mortos vivos, deu uns pega em Brienne, e nós achamos de que ele havia se redimido. Porém no último momento o rapaz revela que não se livrou dos feitiços da irmã.

Ele chega ao ponto de voltar a Porto Real, ser capturado pelo exército de Daenerys, ser liberto por Tyrion e lutar contra Euron Greyjoy pela honra de Cersei. Para no fim apenas morrer nos calabouços da Fortaleza Vermelha nos braços da irmã e amante.

Claro há os que defendem a postura dos dois, mas no fim parece que emburreceram os personagens pra poder encaixar na história. Roteiro preguiçoso? Talvez.

Cersei x Daenerys: o X1 que nunca rolou.

Cersei x Daenerys

Game of Thrones está matando seus vilões “fácil demais”? O Rei da Noite morreu com uma facadinha de Arya Stark. E Cersei morreu soterrado nos braços de Jaime.

Independente de predileções por personagens, a rainha Lannister cometeu muitas atrocidades em nome de seus objetivos, e há quem diga que ela merecia sofrer bem mais. Porém o que todos queríamos era um olho no olho entre as duas rainhas. O que de fato nunca aconteceu, para a decepção de muitos fãs.

Arya Perdidona

Resenha Crítica: "The Bells"

Uma das explicações dos roteiristas para esse episódio foi que eles não queriam focar na guerra em si, mas no impacto que ela traz para os cidadãos comuns. Por isso o foco em Arya nas ruas de Porto Real.

O que até certo momento é bem feito, vemos o impacto da decisão de Danny na vida das pessoas comuns que viviam na cidade. Gente correndo que nem barata tonta, prédios desabando, fogo de todos os lados, inocentes morrendo e muita confusão. Tudo retratado na figura da caçula Stark.

Porém o que era um trunfo de “The Bells”, aos poucos se torna um erro grande. Vemos Arya correndo de um lado pro outro, como se o roteiro não soubesse o que fazer com a personagem. Trouxeram ela do norte apenas para ela desistir da vingança de última hora e agora ela foi relegada a vaga perdida pelas ruas da capital sem rumo, até que acha um cavalo e pode sair em segurança.

A estratégia de roteiro foi uma faca de dois gumes, trouxe mais impacto para as ações da guerra, mas se prendeu demais nisso e acabou se tornando chato.

Daenerys Targaryen, a rainha louca

Daenerys Targaryen, a rainha louca

Entramos agora no ponto mais polêmico do episódio. As primeiras temporadas construíram Daenerys como uma figura forte, boa e justa, o contraponto perfeito entre Westeros e toda corrupção. Entretanto nas últimas temporadas ela veio mostrando traços de que não era tão boa assim.

Fato que foi escrachado no quinto episódio. Já começamos com a rainha descabelada e sem maquiagem, a figura paradigmática da mulher louca. Não era pra menos, pois a rainha perdeu dois dos três dragões, seu exército ser massacrado e sua conselheira e melhor amiga ser decapitada na frente de todos. Qualquer um perderia as estribeiras.

Mas no decorrer de “The Bells”, vemos Tyrion convencê-la de que eles se renderiam e caso isso acontece ela cessaria o ataque. Não foi o que aconteceu, bom a parte da rendição sim.

Contudo, no final do episódio vemos o ponto que dividiu os fãs. Danny queima a infantaria do inimigo, os sinos tocam, Porto Real se rendeu, ele observa a Foraleza Vermelha e faz o movimento final.

Então, num momento de deixar Nero no chinelo, a Mãe dos Dragões decide tacar fogo em Porto Real inteira, com quem estivesse lá dentro. Queimar tudo e construir um novo reino a partir das cinzas.

Ela já vinha dando indícios de que se tornaria uma tirana maquiavélica, contudo o que deve ter causado tanto estranhamento por parte dos fãs foi a decisão de realizar essa virada . Apressaram esse desenvolvimento pro penúltimo episódio e “nerfaram” os outros personagens para encaixar nessa escolha narrativa. Novamente o que parece ter sido uma escolha de roteiro preguiçosa e nada ousada, muito diferente de tudo que vimos nas oito temporadas de Game of Thrones.

Veredito

Resenha Crítica: "The Bells"
Alguns fãs após assistir o episódio.

É claro que existem muitos pontos negativos em “The Bells”, não é a toa que é mais mal avaliado de toda a oitava temporada – 55% no Rotten Tomatoes – que já não é muito querida no geral. Entretanto, não foi um episódio de todo ruim, os aspectos técnicos e algumas atuações conseguem deixar o episódio acima da média.

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