Não, os Perpétuos de Sandman não são aqueles super-heróis que apareceram no filme da Marvel.
Sandman, a série em live-action baseada nos quadrinhos criados por Neil Gaiman e publicados pelo finado selo Vertigo, da DC, estreou na última sexta-feira (05) e já arrebatou o coração e mente dos fãs.
As ambientações são incríveis, o visual e efeitos especiais estão acima da média e o roteiro, por mais que difira em alguns pontos da obra original, é muito bom. A adaptação consegue se manter fiel nos pontos que realmente importam e, ao mesmo tempo, trazer um frescor à obra para inserir-se no século XXI. Ou seja, é tudo de bom.
Claro que mesmo tendo o próprio Gaiman como produtor e supervisor, a série não escapou do nerdola incel, que já foi pra internet chorar porque a Morte é uma mulher negra, ou porque Constantine é uma mulher. Claro que isso ia acontecer, afinal, o nerdola nunca descansa! Mas não é sobre isso que eu quero falar.
Sem sombra de dúvidas um dos pontos mais altos da adaptação é a escolha de elenco. Absolutamente todos os atores e todas as atrizes se encaixam perfeitamente em seus respectivos papéis. E isso, com certeza, se deve aos personagens brilhantemente criados por Gaiman e bem desenvolvidos pelo roteiro da série.
Alguns dos melhores personagens tanto dos quadrinhos, quanto da série, são os Perpétuos. E, mais uma vez, não confundir com os heróis da Marvel criados pelo Rei Jack Kirby. Até porque estes se chamam Eternos.
Mas como são vários e Sandman tem personagem pra caramba, vamos então ao nosso guia de Quem é Quem em Sandman: Os Eternos.
Perpétuos
Os Perpétuos, ou os Sem-Fim (Endless no original) são uma família disfuncional de entidades poderosas que personificam as características fundamentais de tudo o que existe no Universo. Eles existem desde a origem do tempo e estarão lá quando tudo acabar. Estão entre os seres mais poderosos da DC.
Tanto na revista, quanto na série, são representados de maneira antropomórfica, isto é, em forma humana. Contudo, é dito que sua aparência varia conforme cada ser. Ou seja, para um ser humano, eles aparecem de forma humana; já para um gato, eles terão a aparência de um gato; para um alienígena, a aparência de um alien; e assim por diante.
A família é composta por sete entidades: Destino, Morte, Sonho, Destruição, Desejo, Desespero e Delírio. Cada um deles governa seu próprio reino e tem seus poderes e responsabilidades.
Uma curiosidade curiosa que eu acho bem legal é que no original, em inglês, o nome de todos os Perpétuos começa com a letra “D”: Destiny, Death, Dream, Destruction, Desire, Despair e Delirium. Infelizmente esse jogo de palavras ficou impossível na tradução para o português, portanto alterações foram feitas e alguns nomes tiveram que ser alterados.
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Sonho
Começando com o protagonista, o Sonho em pessoal, Sandman. Também conhecido como Morpheus, ele é o Lorde do Sonhar, o reino para o qual as pessoas vão quando sonham, obviamente. Além disso, é o responsável por controlar os sonhos e pesadelos das pessoas. Bem como manter a barreira entre o Sonhar e o Mundo Acordado de pé.
A história com sua captura por um membro de uma seita. Com isso ele cria algum rancor com a humanidade, o que rompe um pouco com sua personalidade corriqueira, isto é, melancólica e contemplativa.
Uma curiosidade curiosa é que Sandman é baseado no personagem de mesmo nome da cultura europeia e estadunidense, que é responsável por trazer bons sonhos e deixar a areia mágica, popularmente conhecida como remela, nos olhos das pessoas. Contudo, ele também é vagamente inspirado em outro personagem homônimo da DC, criado em 1939 por Gardner Fox (roteiro) e Bert Christman (arte), mas que viveu sua melhor fase nas mãos de Jack Kirby. A ideia de Gaiman, originalmente era fazer um soft-reboot, que serviria de continuação para a fase de Kirby, entretanto a editora Karen Berger o dissuadiu da ideia e surgiu Sandman e o resto é história. Você pode conferir mais sobre isso no segundo episódio da nossa série especial em podcast sobre a História das Histórias em Quadrinhos.
Na série, o personagem é vivido pelo ator britânico Tom Sturridge.
Morte
Também conhecida como Desencarnação, a Morte surgiu quando o primeiro ser vivo foi criado, com a missão encerrar um clico de vida, especialmente humana. E, segundo a própria, ela estará lá quando o último ser morrer para “colocar as cadeiras debaixo da mesa, apagar a luz e fechar a porta do Universo atrás” de si.
Ela é a segunda mais velha dos Perpétuos. No início dos tempos ela acreditava que tinha o trabalho mais difícil de todos da família, a Morte ainda é tema muito doloroso pra muitas pessoas. O que a tornou fria e a levou até mesmo a abandonar seu posto. Contudo, quando ninguém morreu e o caos dominou, ela decidiu voltar. Porém, foi apenas após passar um dia como mortal que ela passou a entender os humanos e mudou sua perspectiva e personalidade.
Agora ela é doce e amável e se coloca como uma amiga na hora mais difícil, ajudando as pessoas na travessia da vida para a morte. Todos esses traços são bem adaptados na série, na qual quem dá vida a personagem é a atriz Kirby Howell-Baptiste.
Desejo
Antes de continuar, um disclaimer. Vou usar linguagem neutra e dane-se quem não gostar. Mas se você me der uma chance, eu acho que consigo te explicar o porquê.
Desejo, ou Desire no original, é manifestação física das vontades físicas, emocionais e psicológicas de todos os seres vivos. Desejo não tem gênero, pois é todos e todas ao mesmo tempo, portanto é representade de maneira andrógina.
Para os demais Perpétuos, Desejo é lascive e supérflue, uma vez que seu foco é sempre a autosatifisação. Além disso, elu está sempre interferindo nos assuntos de seus irmãos e irmãs. Principalmente de Morpheus, por quem nutre uma rivalidade, pois acredita que os sonhos são meros resultados da imaginação e esperança, em última instância, do desejo.
Desejo domina o reino chamado Limiar, uma estátua gigante no formato do corpo que elu esteja usando no momento. Tal corpo é como se fosse uma cidade, e Desejo habita no coração. Além disso, elu é irmão gêmeo de Desespero, contudo os dois não poderiam ser mais diferentes.
Na série, Desejo ganha vida através de Manson Alexander Park, pessoa não-binária.
Desespero
Desespero é a irmã gêmea de Desejo, sendo como sua outra face. Tanto que às vezes se unem para criar planos contra os demais Perpétuos. Contudo, ela é próxima aos demais irmãos, muitas vezes demonstrando um carinho especial por Delírio e saudades de Destruição.
Desespero é aquela que está lá quando alguém perde tudo e vê a chama da esperança morrendo. Ou seja, ela é responsável pelo caos, pelo medo e pela desesperança. Contudo, ela mesma acaba caindo num mundo de sofrimento. Seu reino é um campa cinzento, revolto em névoas e espelhos flutuantes. Cada um desses espelhos é uma ponte para o mundo real, onde ela assiste as pessoas desesperadas.
Tanto nas HQs, quanto na série, Desespero é retratada como uma mulher gorda, com a pele escamada, que segura na mão um anel com um gancho, que usa para rasgar a própria pele. Quem dá vida a personagem na adaptação da Netflix é a atriz Donna Preston.
Destino
Agora falemos dos Perpétuos que ainda não apareceram na série. Destino é o mais velho dos Perpétuos. Quando o Universo foi criado, ele já estava lá, como manifestação da causalidade. Ele não deixa rastros, nem pegadas, por onde passa. Além disso, é cego, mas, ironicamente, possui o poder da onisciência atavés de um livro acorrentado a seu pulso, no qual se encontra todo o passado, presente e futuro.
Destino é retratado como um homem sério, vestido apenas como um manto, focado em seu dever de observar sem, contudo, interferir. Costuma também passar muito tempo passeando pelos jardins de seu reino.
Uma curiosidade curiosa é que o personagem já havia aparecido antes nas histórias da DC, tendo sido criado por Marv Wolfman e Berni Wrightson em Weird Mystery Tales #1, em 1972.
Destruição
Destruição é o irmão do meio, por ordem de nascimento. É a representação da destruição.
Paradoxalmente, apesar de seus poderes destrutivos, ele adora atividades artísticas e criativas. Afinal, a criação e a destruição acabam sendo duas faces da mesma moeda. Pois, novas ideias só podem prosperar, com a destruição das velhas. Entretanto, também por conta de seus poderes, acaba sendo um artista muito ruim.
Sua aparência é descrita como um homem robusto, ruivo e costumava ter muita barba. Ao contrário do que possa parecer, é alguém muito extrovertido e otimista. Contudo, por conta de diferenças com outros Perpétuos e decepção com os rumos da humanidade, Destruição abandonou seu posto, sendo pouco visto nos quadrinhos. Portanto, é conhecido como “O Pródigo”. Fato citado brevemente na adaptação da Netflix.
Delírio
Por fim, falemos da mais legal e também da mais caótica. Delírio já foi Deleite, a representação do prazer e da alegria, mas, por conta de uma situação traumática, não é mudou. Contudo, em momento algum fica explícito o que a fez mudar.
Ela é personificação da loucura, da insanidade, portanto sua aparência é muito volátil, se transformando a cada mudança de humor. Contudo, comumente se apresenta na forma de uma menina pequena e magra, com um olho azul e outro verde e cabelos coloridos. Visual inspirado na cantora Tori Amos, amiga de Neil Gaiman.
Seu reino também representa sua personalidade, sendo um amontoado caótico de cores e formas em eterna transformação. Os humanos podem visitar esse reino, mas não conseguem compreendê-lo ou relatar o que lá encontram. Por isso, os que conseguem visitá-lo são chamados de doidos.
Uma das personagens mais amadas e esperadas para as próximas temporadas da série.
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E aí, curtiu conhecer mais Quem é Quem em Sandman: Os Perpétuos? Quer saber mais sobre esse universo e personagens criados pelo brilhante Neil Gaiman? Então deixa aí nos comentários sua opinião.