Os Novos Deuses foram criados por Jack Kirby em sua breve, mas memorável passagem pela DC Comics. Então se tornaram sucesso de crítica e público e agora vão ganhar um filme. E se você é fã de quadrinhos, mitologia ou ficção científica e você deveria estar empolgado para Novos Deuses.
O Quarto Mundo
Bem, antes de mais nada, uma pequena contextualização de o porque você deveria estar empolgado para Novos Deuses. O Quarto Mundo é o lar dos Novos Deuses, e criação de Kirby em 1971. A história segue basicamente a morte dos antigos deuses e o surgimento dos Novos Deuses, divididos em dois grandes mundos: Nova Gênese, um planeta pacífico e intelectual, e Apokolips, um planeta bélico e voltada a guerra. O primeiro liderado pelo sábio Pai Celestial e o Segundo pelo temível e implacável Darkseid.
Além disso, não precisamos nem dizer que dessa run de Jack Kirby surgiram personagem épicos e que ficaram consagrados na mitologia DC, tais como Senhor Milagre e Grande Barda, Vovó Bondade, Órion e o maior vilão da editora, Darkseid, que inclusive apareceria em Liga da Justiça, mas esqueçamos esse filme por hora.
Baseado nesses conceitos o filme pode corrigir alguns problemas do Universo DC nos Cinemas, ao mesmo tempo que expande esse mesmo universo, introduzindo personagens interessantes e conceitos cósmicos complexos.
Ava Duvernay
Ava Duvernay pode não ser uma diretora com um currículo muito extenso, porém isso não significa que ela já não deixou sua marca em Hollywood. Quem acompanha sua carreira sabe do talento e das premiação.
A diretora ganhou o Prêmio de Melhor Direção no Festival Sundance de Cinema de 2012 por seu segundo longa Middle of Nowhere, tornando-se a primeira mulher afro-americana para ganhar o prêmio. É isso mesmo, logo no segundo filme, ela já recebeu um prêmio (talento o nome disso).
Ava não estranha ao cinema comercial, tendo trabalhado com a Disney em Uma Dobra no Tempo, e feito o brilhante Selma em 2014, indicado ao Oscar de Melhor Filme. Recentemente comandou uma minissérie pela Netflix, Olhos que Condenam. Ou seja, a mulher está com tudo.
Dito isso é seguro afirmar que nas mãos de Ava Duvernay (roteirista e diretora do projeto) o filme está muito bem encaminhado.
Tom King
Se não bastasse o currículo impecável de Ava, a Warner decidiu incrementar ainda mais a sala de roteirista do filme. Ninguém menos que Tom King foi escolhido para co-escrever Novos Deuses.
Se você se considera fã de quadrinhos e nunca ouviu falar do cara é melhor rever seus conceitos.
King já trabalhou para as duas grandes editoras, Marvel e DC, e tem trabalhos aclamados por todos. Na Marvel ele escreveu Visão. Consagrada HQ que debate temas filosóficos profundos, enquanto embarca numa viagem psicodélica onde o Androide criado por Ultron cria uma família a sua imagem na tentativa de ser normal. A HQ venceu o Prêmio Eisner de 2016 e contou com 12 edições.
Já na DC o roteirista passou por vários títulos, comandando até mesmo a hq mensal do Batman durante a fase Rebirth, fase do polêmico casamento entre o morcegão e a Mulher Gato.
Senhor Milagre
Mas o que torna a participação de King no roteiro de Novos Deuses tão especial é o quadrinho escrito por ele focado no Senhor Milagre. Uma minissérie em 12 edições contando a história de Scott Free e Grande Barda, onde os dois devem lidar com suas vidas na Terra enquanto rola uma guerra entre Nova Gênese e Apokolips. A trama é extremamente psicológica e recheada de questionamentos filosóficos e existencialistas. Uma boa leitura para indicar para aquele seu amigo que acha quadrinhos coisa de criança.
Na série, King mostra que conhece e respeita a história dos personagens e a mitologia dos Novos Deuses. Mas também prova que não tem medo de ousar e criar coisas novas e brilhantes. Tudo isso resultou em uma das melhores HQs de 2017, se não a melhor.
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Enfim, acredito que juntando Ava Duvernay, Tom King e Jack Kirby e dando liberdade criativa para que a história possa ser contado de maneira digna está formada a receita do sucesso. Para complementar é preciso que a Warner não tenha medo de gastar com efeitos especial que o filme exige. Quiçá teremos aí um épico de guerra espacial com a estética única de Jack Kirby.