Recentemente, adquiri a primeira edição da nova coleção da Panini, Spawn Origens Vol. 1, e, para ser honesto, não fiquei muito impressionado. As crianças dos anos 90 podem me perdoar, mas não curti.
Mas, antes de mais nada, para entender a magnitude de Spawn e seu criador, Todd McFarlane, é essencial conhecer a história da Image Comics.
O Contexto da Image Comics
Na década de 90, McFarlane, Jim Lee, Rob Liefeld e outros artistas se tornaram famosos desenhando quadrinhos para a Marvel. Ou pelo menos tão famosos quanto se poderia ficar sendo desenhista de quadrinhos nos anos 90.
Contudo, insatisfeitos com a remuneração e a falta de controle criativo, eles decidiram fundar a Image Comics.
A proposta da nova editora era revolucionária: ela ficaria com uma pequena parte das vendas para cobrir despesas administrativas e logísticas, enquanto o restante seria dos quadrinistas. Os direitos autoriais dos personagens criados nas histórias também seria de propriedade dos quadrinistas, diferente do modelo tradicional das editoras mainstream dos Estados Unidos.
Além disso, cada artista teria seu próprio selo, permitindo total liberdade criativa. Era um verdadeiro paraíso para os quadrinistas, o que fez muito barulho na época.
Spawn, lançado em 1992, rapidamente se tornou um sucesso, vendendo 1,7 milhões de cópias na sua primeira edição. Ou seja, um puta case de sucesso, meu.
No entanto, quando eu nasci em 1996, a revista já estava na edição #42, e a empolgação inicial já havia diminuído.
Quando eu comecei a ler quadrinhos pra valer, a Image já tinha se reestruturado e virado outra coisa, com quadrinhos como The Walking Dead, Deadly Class, Saga, Paper Girls e outras. E Jim Lee já tinha ido pra DC e o Rob Liefeld voltado pra Marvel.
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Spawn Origens: A Ousadia de Revisitar o Clássico
Decidi dar uma chance ao Spawn agora, especialmente com a nostalgia crescente e a coleção Spawn Origens da Panini. Porém, não posso deixar de criticar a visão de McFarlane sobre os quadrinhos. Na minha opinião, sua abordagem “adulta” frequentemente se perde em um exagero sombrio.
Arte vs. Roteiro: Uma Questão de Equilíbrio
McFarlane afirma que a arte é mais importante que o roteiro. Concordo que a arte é crucial em histórias em quadrinhos, mas não pode sobrepor a narrativa. Para mim, a arte deve ser visualmente atraente e coerente com a proposta da história. Um equilíbrio é essencial.
Enquanto a arte de McFarlane é, sem dúvida, impressionante, o roteiro deixa a desejar. A história avança lentamente, e os diálogos são excessivos e repetitivos. Alguns personagens coadjuvantes, especialmente os policiais, parecem não ter propósito.
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Conclusão: Um Olhar Crítico
Todd McFarlane é um artista excepcional, mas seu talento como roteirista é questionável. Ele mesmo reconheceu sua limitação e buscou ajuda de mestres como Alan Moore e Neil Gaiman. Isso nos leva a crer que, embora o visual de Spawn seja icônico e disruptivo, a narrativa precisa de mais desenvolvimento.
Decidi dar uma nova chance à série e, quando puder, comprarei o volume 2. Será que a próxima edição consegue equilibrar melhor arte e roteiro?