“Não se Aceitam Devoluções” é um filme nacional de 2018, remake de um longa mexicano (“Não Aceitamos Devoluções”, dirigido por André Moraes. Apesar de alguns defeitos e de ser recheado de clichês batidos, o longa se sai bem em alguns fatores técnicos e recebeu algumas indicações para prêmios.
Um dos fatores positivos é o uso de plot twist. Pode não ser nada de outro mundo, mas possui uma boa execução.
Em “Não se Aceitam Devoluções”, Leandro Hassum vive Juca Valente, um solteirão convicto que nem pensa em compromisso. Mas sua vida muda drasticamente quando um antigo affair deixa uma bebê com ele, dizendo que trata-se da filha dos dois, e simplesmente desaparece.
A partir daí o longa mergulha em clichês melosos e melodramáticos. E as atuações bem medianas do protagonista não compensa esse fato. Hassum aparentemente quer se distanciar do esteriótipo de ator de comedias pastelonas, tentando navegar em novas águas e explorando o mundo das dramédias. Contudo sua atuação um tanto cansada não o favorece. Sua colega mirim, Manuela Kfouri, que vive sua filha Emma, é parece mais esforçada, porém nem isso consegue salvar a produção.
O roteiro também não ajuda muito. Recheado de clichês, alguns furos grandes e adaptando quase que fielmente o longa mexicano de 2013, a história não se sobressai muito.
No entanto, o filme surpreende no último ato. Isso porque, ao longo de seus 103 minutos, ele constrói, ainda que aos trancos e barrancos, a trama de que Juca está muito doente, em uma cena o médico chega a afirmar que não sabe quanto tempo lhe resta. O espectador pode pensar que tal quadro se dá por conta da profissão perigosa do protagonista, que é um dublê profissional.
Mas a grande reviravolta vem na cena final, onde descobrimos que quem está doente é, na verdade, Emma, que nasceu com um problema congênito no coração.
Aqui o filme toma uma virada emotiva com debates sobre a brevidade da vida. O plot twit é deveras inesperado para quem assiste pela primeira vez. Tanto que o assisti recentemente pelo TeleCine junto com minha mãe, e nessa parte ela exclamou: “Eu achei que era ele que ‘tava’ doente!”
Talvez pelo filme ser tão mediano, ou porque não explora tão bem o tema, o plot se torna forte se o analisarmos isoladamente. Mas, caso o nível de atuação e o restante do roteiro seguissem o mesmo patamar talvez tivéssemos uma boa obra nacional. Porém não é esse o caso e a produção não passa de esquecível.
Fica para toda a indústria, ao menos, uma boa lição de como fazer um plot twits, ou não.
Valdirzera é definitivamente um dos autores do InduTalks. Fez filosofia, mas se formou em Publicidade e Propaganda. Adora quadrinhos, livros, série, filmes e todo tipo de nerdice. É apaixonado por produção audiovisual e sonha em um dia dirigir um longa metragem.