Continuando nosso esquenta pro Oscar, vamos falar das Produções brasileiras no Academy Awards.
A temporada de premiações desse ano está quase acabando, mas a maior cerimônia do cinema ainda está para acontecer. A cerimônia de entrega do Oscar vai acontecer no próximo dia 25 de Abril.
Então, nós do InduTalks estamos em ritmo de festa e preparamos alguns posts especiais para fazer um esquenta até o dia da premiação.
Portanto, nós já fizemos um post listando todos os filmes baseados em quadrinhos que já concorreram ao Oscar.
Mas, agora chegou a vez de honrarmos o cinema brasileiro. Por isso, vamos falar nesse post sobre todas as produções brasileiras no Academy Awards, ou seja, que já foram indicadas ao maior prêmio do cinema internacional.
Menção Honrosa: Ary Barroso (1945)
A primeira vez do Brasil no Oscar não foi por conta de nenhuma produção nacional, mas vale a pena citar aqui.
A primeira indicação brasileira veio então por meio de um dos compositores mais célebres de todo os tempos. O músico Ary Barroso foi indicado pela música “Rio de Janeiro”, que fazia parte da trilha sonoro do filme estadunidense Brazil, de 1944. Mas, quem acabou levando a estatueta foi a canção “Swinging on a star”, de James Van Heusen e Johnny Burke, presente no filme O bom pastor.
O Pagador de Promessas (1963)
O filme do diretor Anselmo Duarte, que também assina o roteiro, é um clássico do cinema brasilero e, arriscamos dizer, sessão obrigatória para todo amante da sétima arte.
O Pagador de Promessas é baseado na peça homônima de Dias Gomes e estreou no ano de 1962. Além disso, nesse mesmo ano conquistou a Palma de Ouro do Festival de Cannes (até hoje é o único filme brasileiro a receber tal prêmio). No ano seguinte tornou-se o primeiro filme sul-americano a ser indicado ao Oscar de Melhor Filme Estrangeiro, mas acabou desbancado pelo francês Sempre aos Domingos.
O Quatrilho (1996)
Demorou mais de trinta anos para o Brasil voltar ao Oscar. A indicação veio então com O Quarteto, de 1995.
O filme dirigido por Fábio Barreto é baseado no livro homônimo de José Clemente Pozenato, que narra a história de dois casais de imigrantes italianos vivendo no sul do Brasil. Além disso, o longa conta ainda com trilha sonora composta por Caetano Veloso, com arranjos de Jaques Morelenbaum.
Foi indicado ao Oscar de Melhor Filme Estrangeiro, entretanto acabou perdendo para o holandês A excêntrica família de Antonia.
O que é isso, companheiro? (1998)
Dessa vez não demorou muito para a Academia lembrar do Brasil. Pois, o longa “O que é isso, companheiro”, dirigido por Bruno Barreto foi indicado ao Oscar de Melhor Filme.
O filme é baseado no livro homônimo de jornalista Fernando Gabeira e retrata, mas com diversas liberdades criativas, a história da Gabeira e seu envolvimento com a luta armada contra a ditadura militar no anos 60. Contudo, infelizmente a obra não levou o Oscar, tendo perdido para outro holandês, dessa vez o filme Caráter.
Central do Brasil (1999)
No ano seguinte o Brasil conseguiu um feito inédito, isto é, duas indicações seguidas para o Oscar de Melhor Filme Estrangeiro. E não poderia ter sido melhor, afinal, o filme indicado foi Central do Brasil, estrelado por Fernanda Montenegro e dirigido por Walter Salles.
Embora seja um coprodução Brasil e França, Central do Brasil foi registrado como representante brasileiro na disputa. O filme ainda rendeu uma indicação de Melhor Atriz para Fernanda Montenegro, outro fato inédito.
Contudo, não conquistou nenhum dos dois prêmios. O filme foi desbancado por A Vida é Bela, até aí tudo bem, pois foi um disputa difícil. Já nossa dama do teatro, perdeu para Gwyneth Paltrow, por Shakespeare Apaixonado.
Uma História de Futebol (2001)
Em 2001 o Brasil teve então sua primeira, e até agora única, indicação ao Oscar de Melhor Curta-metragem. O indicado foi o curta Uma História de Futebol, do diretor Paulo Machline.
Contudo, a produção que narra passagens ficcionalizadas da infância do rei Pelé acabou sendo preterida para Quiero ser, coprodução do México e da Alemanha.
Cidade de Deus (2004)
O filme Cidade de Deus, do diretor Fernando Meirelles, é até hoje um dos filmes mais célebres do Brasil no Oscar, porém nem sempre foi assim.
No ano de estreia, 2003, o longa foi indicado como representante brasileiro de melhor filme estrangeiro, mas foi completamente ignorado pela Academia. Contudo, no ano seguinte, a organização mudou de ideia e voltou atrás, indicando a adaptação do livro homônimo de Paulo Lins para nada menos que quatro categorias.
O filme concorreu nas categorias de Melhor Edição, Melhor Fotografia, Melhor Roteiro Adaptado e Melhor Direção. Mas mesmo assim não foi dessa vez que o Brasil levou o Oscar, pois o filme voltou pra casa sem nenhuma estatueta.
O Menino e o Mundo (2016)
O Brasil só teria outra produção 100% nacional indicada ao Oscar mais de 10 anos depois. E a indicação veio na categoria de Melhor Filme de Animação, para o longa O Menino e o Mundo, do diretor Alê Abreu, em 2016.
Apesar de ter conquistado muitos prêmios importantes, entre eles o Annie Awards e o Prêmio Cristal do Festival de Cinema de Animação de Annecy, considerado o maior prêmio da animação mundial, O Menino e o Mundo acabou não ganhando o Oscar, tendo perdido para Divertida Mente, da Pixar.
Democracia em Vertigem (2020)
Sabe aquele meme: “Coitados dos professores de história do futuro, que vão ter que explicar a história do Brasil atual aos alunos”, então a cineasta e diretora Petra Costa pode ter dado um mãozinha pra eles com seu documentário Democracia em Vertigem.
O documentário narra as tensões políticas no Brasil, que levaram a queda da presidenta Dilma e a ascensão então da extrema-direita na política nacional, com a eleição de Jair Bolsonaro. O filme foi indicado ao Oscar de Melhor Documentário de Longa Metragem, mas perdeu para American Factory, primeira obra da produtora de Barack e Michelle Obama, respectivamente, ex-presidente e ex-primeira-dama dos Estado Unidos. Pouco corporativistas esses americanos, hein?
COPRODUÇÕES BRASILEIRAS NO OSCAR
Os filmes listados acimas são produções 100% brasileiras no Academy Awards, ou assim foram creditadas pela Academia. Contudo, outros filmes indicados ao Oscar tiveram produção dividida entre Brasil e outros países. Então, confira a lista abaixo.
Orfeu Negro (1960)
Embora seja uma coprodução entre Brasil, Itália e França, o filme Orfeu Negro, do diretor Marcel Camus, foi indicado como representante francês na categoria de Melhor Filme Estrangeiro. A obra baseada na peça de Vinícius de Moraes venceu a categoria, mas ainda conta como uma vitória da França, mesmo tendo produção e direção nacional e sendo adaptada de uma peça de um autor brasileiro. Sacanagem!
Raoni (1979)
O documentário sobre a vida do cacique kayapó Raoni Metuktire foi outro caso de sacanagem com o audiovisual brasileiro.
Isso porque o filme de 1978 é um coprodução Brasil, França e Bélgica, contando com roteiro e co-direção do belga Jean-Pierre Dutilleux e do brasileiro Luiz Carlos Saldanha. Entretanto, a Academia registrou o filme apenas como representante Francês, não creditando o diretor brasileiro. Mas, mesmo assim, o filme acabou perdendo o Oscar de Melhor Documentário para o estadunidense Scared Straight!.
O Beijo da Mulher Aranha (1986)
O Beijo da Mulher Aranha de 1985 é mais uma produção americana do que brasileira, mas em alguns casos é creditado como coprodução Estado Unidos-Brasil.
Além disso, o elenco é recheado de brasileiros, como Milton Gonçalves, Herson Capri, Miguel Falabella e a talentosíssima Sônia Braga. O diretor do longa, Héctor Babenco, também é brasileiro, na verdade argentino naturalizado brasileiro, mas conta.
O filme recebeu quatro indicações para as categorias de Melhor Filme, Melhor Roteiro Adaptado, Melhor Diretor e Melhor Ator para William Hurt. Contudo, o general Ross do Universo Marvel nos Cinemas, Hurt, foi o único a ganhar a estatueta pelo filme.
Diários de Motocilceta (2005)
Após Central do Brasil, outro filme do diretor Walter Salles seria então indicado ao Oscar. O filme Dários de Motocicleta, de 2004, é uma produção de muitos países, sério.
O longa é um co-produção Brasil, Argentina, Chile, Peru, Reino Unido, Alemanha, França e Estados Unidos. Além disso, a história é baseada em um livro de mesmo nome que narra as expedições de Che Guevarra por toda a América do Sul.
Além disso, a produção foi indicada ao Oscar de Melhor Roteiro Adaptado e conquistou a estatueta de Melhor Canção Original pela música “Al otro lado del río“, de Jorge Drexler.
Lixo Extraordinário (2011)
Lixo Extraordinário é um documentário sobre o artista brasileiro Vik Muniz, ambientado num dos maiores aterros do mundo, localizado no Jardim Gramacho, bairro periférico de Duque de Caxias, no estado do Rio de Janeiro.
O filme é uma coprodução Brasil e Reino Unido, que contou com codireção da britânica Lucy Walker e do brasileiro João Jardim. Contudo, a Academia registrou o filme como produção britânica e creditou apenas a britânica como diretora. Então, oficialmente a indicação para Melhor Documentário conta como nomeação ingelsa.
O Sal da Terra (2015)
Outro documentário co-produzido pelo Brasil indicado ao Oscar de Melhor Documentário foi O Sal da Terra, de 2014.
O filme co-dirigido pelo alemão Wim Wenders e pelo brasileiro Juliano Salgado, além disso, é uma co-produção Brasil, França e Itália e narra a história do fotógrafo brasileiro Sebastião Salgado. Contudo, o vencedor foi Cidadãoquatro, documentário sobre Edward Snowden.
Me chame pelo seu nome (2018)
O filme de 2017, baseado no livro homônimo de André Aciman, fez muito sucesso na temporada de premiação daquele ano. Me chame pelo seu nome, do diretor italiano Luca Guadagnino, recebeu indicações em quatro categorias, entre elas a de Melhor Filme.
O longa contou com produção do brasileiro Rodrigo Teixeira e de sua produtora, a RT Filmes. Mas, não trata-se de uma obra estritamente nacional, pois trata-se de um coprodução Itália, França Estados Unidos e Brasil.
Além disso, a produção concorreu nas categorias de Melhor Filme, Melhor Canção Original para “Mystery of Love” de Sufjan Stevens, Melhor Ator para Timothée Chalamet e Melhor Roteiro Adaptado, categoria que saiu vencedora.
BRASILEIROS INDICADOS POR PRODUÇÕES ESTRANGEIRAS
Além das co-produções e produções brasileiras no Academy Awards, o Brasil foi indicado em outras categorias, através de profissionais que trabalharam em produções estrangeiras.
[ATUALIZADO EM 13/02/2022] Nesse ano tivemos apenas uma presença ilustre no Oscar. O diretor Pedro Kos concorre por sua participação como co-diretor na categoriua Melhor Documentário de Curta-Metragem.
Ano | Indicados | Filme | Categoria | Resultado |
1982 | Tetê Vasconcellos | El Salvador: Another Vietnam | Melhor Documentário | Indicada |
1993 | Luciana Arrighi | Howards End | Melhor Direção de Arte | Vencedora |
1994 | Luciana Arrighi | The Remains of the Day | Melhor Direção de Arte | Indicada |
2000 | Luciana Arrighi | Anna e o Rei | Melhor Direção de Arte | Indicada |
2003 | Carlos Saldanha | A Era do Gelo | Melhor Filme de Animação | Indicado |
2004 | Carlos Saldanha | A Aventura Perdida de Scrat | Melhor curta-metragem de animação | Indicado |
2012 | Sérgio Mendes e Carlinhos Brown | Rio | Melhor Canção Original para “Real in Rio” | Indicado |
2017 | Carlos Saldanha | O Touro Ferdinando | Melhor Filme de Animação | Indicado |
2022 | Pedro Kros | Onde Eu Moro | Melhor Documentário de Curta-Metragem. | Indicado |
2023 | Wagner Moura | O Gato de Botas | Melhor Filme de Animação | Indicado (o filme foi indicado, não o ator) |
Por enquanto é isso pessoal! Afinal, esses foram todo as produções brasileiras no Academy Awards que conseguimos apurar.
Além disso, fiquem ligados aqui no InduTalks para saber tudo sobre o Oscar e confira em breve nossas apostas para a Cerimônia de entrega do Academy Awards.
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