Eu nunca fui um fã da Disney, mas foi apenas a publicidade que me fez entender a Disney e a Marvel Studios e até respeitá-la.
Olá, meu nome é Valdir. Tenho 23 anos e sou estudante de publicidade. Eu sei que nobody yes door (ninguém sim porta – desculpe pela piadoca de péssimo gosto). Mas um fato interessante – ou não – sobre mim é que eu sou DCnauta roxo. Daqueles que idolatram Batman, Superman, Mulher Maravilha e cia, relevam todos os erros da editora em suas múltiplas mídias (Esquadrão Suicida? Liga da Justiça? O que é isso?), e criticava todas produções da Marvel na Disney. Sim eu criticava, isso porque entrar no curso de Publicidade e Propaganda abriu minha mente.
Não, eu não estou tentando te vender nenhum curso motivacional, ou querendo que você entre em nenhum esquema de pirâmide comigo. Mas acho que as palavras que escreverei a seguir podem ser esclarecedoras.
DCnauta convicto
Bom, como já mencionei eu adorava os filmes de DC por acreditar que eles construíam personagens complexos e uma trama com questionamentos profundos. Na verdade, ainda idolatro e ainda acho tudo isso verdadeiro. Contudo, até bem pouco tempo atrás criticava todas as produções da Marvel na Disney. “Não há profundidade”, dizia eu.
Mas, bem na real, eu achava tudo muito family-friendly pro meu gosto. O que eu quero dizer com isso. Bem, nas produções do estúdio (pelo menos nas atuais) não vemos ninguém fumando cigarro de qualquer espécie, tampouco se observa nudez, palavrões são exceção e a classificação indicativa não passa do PG-13, quando muito. Posteriormente descobri que isso não era por acaso e sim uma estratégia de mercado.
E era justamente essa posição que incomodava o rebelde sem causa em mim. Mas o que eu não entendia é que esses filmes não eram feitos para mim, ou então não APENAS para mim.
Mas, e o que a Publicidade tem a ver com isso?
No começo do curso PP, uma professora desafiou minha turma a entender as campanhas de diversas marcas nas diversas mídias. Para isso devíamos identificar as possíveis instruções dos clientes às agências publicitárias, tais como, teor da campanha, linguagem a ser utilizada e principalmente qual o PÚBLICO ALVO da campanha. Esse último item é crucial para qualquer peça publicitária.
Pois, você deve conhecer seu interlocutor, entender a pessoas que irá receber a mensagem. Quem é essa pessoa? O que ela faz? Onde trabalha? O que gosta? O que não gosta? Como ela se comporta? O que diz? Como diz? Essas são algumas perguntas que norteiam o trabalho do publicitário. Afinal, caso não se atente a elas, o consumidor final pode achar seu trabalho ruim, ou pior ainda, ignorá-lo.
Mas isso não se aplica apenas a profissão dos publicitários. Quando você está fazendo um filme, você quer que as pessoas vejam. E se você for um estúdio de cinema, vai querer que as pessoas comprem ingressos para vê-lo. Para que isso aconteça é necessário “vender” o filme para o público. Do contrário, o mesmo não saberá da existência do longa e tampouco se interessará pelo mesmo.
Aí que vem o “pulo do gato” que os publicitários conhecem bem. Você não pode abraçar o mundo todo, alguém sempre ficará de fora. Portanto é necessário direcionar sua mensagem para um público específico.
Cinema também é negócio
E é justamente isso que os estúdios fazem. A Universal Pictures não tenta vender os filmes de Jurassic Park para amantes de contos de fadas. Nem a Paramount Pictures tenta vender a saga Atividade Paranormal para os entusiastas dos dramas existenciais. Ou os filmes dos Transformers dirigidos por Michael Bay, para… Bem não sei para quem é destinada essa saga.
O fato é que a Disney assumiu uma posição de mercado de ser amiguinha das famílias. Se colocando com um estúdio que preza pelo respeito e pelos bons costumes. E tal posição se reflete em suas obras. Por isso que os filmes da Marvel são tão parecidos – para ser gentil.
A partir do momento que eu entendi isso, eu aceitei essa posição da Disney e decidi que o filmes não eram necessariamente ruins por assumir essa postura, eles simplesmente não eram direcionados para mim. Em outras palavras, eu não era o público alvo desses longas metragens.
Então, apesar de ter critérios objetivos para julgar se um filme é bom ou ruim, eu decidi simplesmente ignorar os filmes que não eram direcionados pra mim. Ao invés de fazer um esforço para dizer que eles não são “cinema de verdade”.
Em resumo…
E foi assim que a publicidade me fez entender, e (por que não) respeitar, os filmes da Marvel/Disney.
Mas, e você? Concorda com a minha posição? Entendeu o meu ponto de que a publicidade me fez entender a Disney? Acha que os filmes da Marvel são bons do jeito que são? Ou sente que a posição da Disney limita o trabalho dos cineastas que se aventuram a fazer filmes da Marvel? Nossa seção de comentários é destinada a ampliar o debate, mas sempre com respeito e tolerância, é claro. Então sinta-se livre para concordar, discordar ou deixar seu comentário sobre o tema.
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Valdirzera é definitivamente um dos autores do InduTalks. Fez filosofia, mas se formou em Publicidade e Propaganda. Adora quadrinhos, livros, série, filmes e todo tipo de nerdice. É apaixonado por produção audiovisual e sonha em um dia dirigir um longa metragem.